SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – MP da conta de luz, crise da Boeing pressiona aéreas e outras destaques do mercado nesta quarta-feira (10).
**MP DA CONTA DE LUZ GERA CRÍTICAS**
A MP (medida provisória) assinada nesta terça pelo presidente Lula (PT) para cortar as tarifas da conta de luz no país pode deixar uma conta ainda maior para o consumidor pagar no futuro.
ENTENDA
O texto permite a antecipação de recursos que seriam pagos no futuro pela Eletrobras, privatizada em 2022, à CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), que custeia subsídios a consumidores e geradores de energia.
↳ Com o adiantamento, o governo espera uma queda entre 3,5% e 5% na conta de luz no curto prazo.
↳ Só que ele também reduz o ingresso de recursos na CDE no futuro o que, sem revisão nos subsídios, gera pressão por reajustes para bancar a fatura dos próximos anos.
↳ Esse aumento a partir de 2029 será de ao menos 7%, segundo cálculos de agentes do setor, que ainda criticaram o texto como de difícil compreensão.
Dos R$ 26 bilhões, R$ 11 bilhões vão quitar prestações de dois empréstimos feitos pelo setor elétrico em momentos de crise:
– Conta Covid (que cobriu perdas com a queda no consumo na pandemia);
– Conta Escassez Hídrica (que bancou térmicas durante a seca de 2022).
A MP também prorroga o prazo para que projetos de energias renováveis (eólica, solar e biomassa) ganhem desconto no uso do sistema de transmissão de energia em um custo que é dividido entre todos os consumidores.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, o impacto pode ser de R$ 6 bilhões ao ano na CDE.
Pela regra atual, tem direito ao desconto quem protocolou projetos até março de 2022.
O argumento do governo é que o prazo precisa ser ajustado ao cronograma de implantação das linhas de transmissão leiloadas para o escoamento dessa energia até os centros de maior consumo.
**CRISE DA BOEING REDUZ OFERTA DE AERONAVES**
No ano em que o setor aéreo deve superar o número de viajantes em relação ao pré-pandemia, as companhias enfrentam dificuldades para conseguir novas aeronaves para dar conta da demanda.
O QUE EXPLICA
Os problemas de oferta estão concentrados na Boeing, mas não se restringem a ela.
A companhia americana decidiu reduzir sua produção para reforçar o controle de qualidade depois que uma parte da aeronave da Alaska Airlines se soltou em pleno voo.
O incidente levou os reguladores a estabeleceram um limite para a fabricação do 737 Max, mas a Boeing não está conseguindo atingir nem mesmo esse nível.
A fabricante informou nesta terça (9) que entregou 29 aviões em março, menos da metade dos 64 entregues no mesmo mês em 2023.
Nesta terça também um engenheiro com mais de 10 anos na empresa afirmou ao New York Times que os modelos 787 Dreamliner e 777 têm defeitos de montagem que ameaçam a segurança. A Boeing nega.
A Airbus, principal rival da americana, vive situação oposta e aumentou suas entregas em 12% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, informou a Reuters.
Mas até 650 jatos A320neo poderão ser retirados do solo na primeira metade de 2024 para inspeções sobre uma falha nos motores, afirmou a RTX, que fabrica as peças.
O cenário levou companhias a cortarem rotas e reduzirem voos.
Sem ter acesso a novas aeronaves, as aéreas tentam elevar a vida útil dos modelos que já possuem via manutenção ou então disputam o arrendamento das que estão no mercado mas isso pressiona ainda mais as margens das empresas.
Os custos de reparo na United, Delta e American aumentaram 40% no ano passado em relação a 2019.
As companhias estão gastando 30% mais em arrendamentos de aeronaves do que antes da pandemia.
**ÍNDIA PODE SUPERAR CHINA EM BREVE COMO MOTOR DA ECONOMIA**
A Índia pode superar a China como motor do crescimento global em 2028.
A projeção é da Bloomberg Economics e considera que o país mais populoso do mundo precisa atingir quatro “metas”:
– Melhorar a infraestrutura;
– Ampliar as habilidades e a participação da força de trabalho;
– Construir cidades mais preparadas para receber os trabalhadores;
– Atrair mais fábricas.
entenda
A maior preocupação citada pelos analistas é com os 150 milhões de indianos que estão no campo e que teriam de encontrar opções para trabalhar, morar e se deslocar nas cidades.
Embora esteja atraindo investimento externo, hoje as estradas e a educação de baixa qualidade, entre outros problemas, são considerados obstáculos para as empresas ocidentais entrarem no país, diz o estudo.
Caso tudo se confirme
– A Índia cresceria a um ritmo de 9% ao ano no final desta década, contra 3,5% da China;
Como foi no ano passado:
– A China contribuiu com 31% do crescimento mundial, contra 17,5% da Índia, 12% dos EUA e 39,5% do resto do mundo.
Em outra projeção, a Índia ultrapassaria a rival asiática como motor da economia global em 2037. No cálculo, o FMI projeta que o crescimento anual do país ficaria abaixo de 6,5% nos próximos cinco anos.
**O QUE MAIS VOCÊ PRECISA SABER**
UBER
Governo teme derrota e desiste de urgência de PL de apps de motoristas. Matéria deverá passar pela análise em comissões temáticas na Câmara e ir ao plenário em junho; pressão.
CONGRESSO NACIONAL
Câmara aprova mudança no arcabouço que libera mais R$ 15 bi a Lula de forma imediata. Mudança antecipa a possibilidade de abertura de crédito extra com base na arrecadação que estava prevista para maior.
PLANETA EM TRANSE
Petrobras anuncia segunda descoberta de petróleo na margem equatorial. Resultado reforça pressão por exploração da área, alvo de embate no governo.
ENERGIA LIMPA
Silveira pede paz e acena a Prates após fritura do presidente da Petrobras. Ministro havia reconhecido à Folha de S.Paulo conflito com ex-colega de Senado e dito que não abre mão de autoridade.
ARTUR BÚRIGO / Folhapress