SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – O Ministério Público de Minas Gerais pediu o banimento da Mancha Alvi Verde, torcida organizada do Palmeiras por dois anos após a emboscada feita contra torcedores do Cruzeiro no último domingo (27), na cidade de Mairiporã, em São Paulo.
O MP-MG enviou uma recomendação à Federação Mineira de Futebol (FMF) e à Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O pedido foi assinado pelo promotor de Justiça Fernando Abreu, da 14ª Promotoria de Defesa do Consumidor do Procon-MG.
O pedido é para que a medida seja adotada em todo o território nacional. Nele, se pede a proibição de qualquer tipo vestimenta, faixa, bandeira, instrumento musical ou qualquer objeto que seja ligado à torcida organizada do Palmeiras.
“É fato público e notório que as desavenças entre as torcidas organizadas vêm, ao longo dos anos, causando severos transtornos à ordem pública e insegurança à sociedade, pois a escalada do conflito não cede, mesmo diante das reiteradas punições administrativas às referidas entidades. O problema, portanto, ultrapassa os limites da violência desportiva, necessitando de atuação estatal típica de combate à criminalidade organizada”, escreveu Fernando Abreu.
O MP-MG também cobra a criação de um cadastro nacional para torcedores suspensos ou impedidos de frequentar eventos esportivos. O promotor também fez uma cobrança aos clubes para que sejam tomadas medidas internas para que torcidas ligadas às práticas violentas sejam proibidas de usar materiais com o símbolo de sua marca.
A Federação Mineira de Futebol tem até 72 horas para responder à recomendação do MP-MG.
VETO EM SÃO PAULO
A Mancha Alvi Verde está proibida de entrar em estádios de São Paulo após a emboscada contra um ônibus com integrantes da Máfia Azul, organizada do Cruzeiro, no último final de semana. Em outra ponta da investigação, a Polícia Civil de São Paulo pediu a prisão temporária do presidente e do vice da organizada, além de outros quatro integrantes, por envolvimento no ataque.
O veto à presença da torcida em jogos foi determinado pelo MP-SP, e a decisão já foi acatada pela FPF (Federação Paulista de Futebol). Em comunicado, a FPF informou “atender integralmente a recomendação para que seja proibida a entrada, nos estádios de futebol do Estado de São Paulo, de qualquer indumentária e objetos (faixas, bandeiras etc.) que identifiquem os associados da torcida organizada Mancha Verde”.
Já o pedido de prisão envolve o presidente da organizada, Jorge Luis Sampaio Santos, o vice Felipe Matos dos Santos, conhecido como Fezinho, e outros membros ligados à diretoria: Leandro Gomes dos Santos, Henrique Moreira Lelis, Aurélio Andrade de Lima e Neilo Ferreira e Silva, o Lagartixa. O relatório da polícia aponta o presidente como o “mentor intelectual” da ação e “principal interessado” no revide por confronto anterior entre as torcidas ocorrido em 2022. Fezinho e Leandro foram identificados como envolvidos na emboscada por meio de gravações.
A INVESTIGAÇÃO
O incidente que aconteceu no início da manhã de domingo (27) envolveu cerca de 150 torcedores de Palmeiras e Cruzeiro. O caso foi inicialmente registrado na Delegacia de Mairiporã (SP), que apreendeu imagens de monitoramento e solicitou exames de IML às vítimas.
Uma parte dos responsáveis pelas agressões que mataram um homem e feriram outros 17 foi identificada pela Polícia Civil do estado de São Paulo através da emissão de sinais dos celulares dos suspeitos e imagens de câmeras de segurança da rodovia.
A investigação está sob responsabilidade da Delegacia de Repressão as Delitos de Intolerância Esportiva (DRADE) para a identificação e responsabilização dos envolvidos.
A Polícia Civil qualifica a emboscada como homicídio, incêndio, associação criminosa, lesão corporal e promover tumulto, praticar ou incitar a violência em eventos esportivos.
A EMBOSCADA
A emboscada deixou um morto e 17 feridos na madrugada do domingo (27). Durante a confusão, um ônibus foi incendiado e a rodovia Fernão Dias chegou a ficar interditada no sentido Belo Horizonte.
José Victor Miranda, de 30 anos, morreu anos após sofrer queimaduras e lesões graves provocadas por barras de ferro.
Segundo as autoridades, todas as vítimas foram torcedores do Cruzeiro. Eles foram surpreendidos pelos palmeirenses que carregavam artefatos como barras de metal e madeira e atearam fogo no ônibus em que estavam.
As agressões começaram por volta de 5h20 no quilômetro 65 da Fernão Dias, próximo ao túnel de Mairiporã.
Dos 17 feridos e hospitalizados, dois seguem internados no Hospital Estadual de Franco da Rocha e um deles está em estado grave.
MANCHA SE PRONUNCIA
Na última segunda (28), a Mancha emitiu comunicado e negou qualquer participação na emboscada. A organizada disse que vem sendo “apontada injustamente” de envolvimento no caso, que classificou como “fatídico e lamentável”.
A torcida organizada afirmou que não pode ser responsabilizada por “ações isoladas de 50 torcedores”. A Mancha afirmou que conta com mais de 45 mil associados e repudiou o ocorrido, ressaltando que é contrária a atos de violência, e também se colocou à disposição das autoridades.
Confira o comunicado da Mancha:
“A Mancha Alvi Verde vem sendo apontada injustamente, através de alguns meios de imprensa e redes sociais, de envolvimento em uma emboscada ocorrida na Rodovia Fernão Dias, próximo ao túnel de Mairiporã, na madrugada deste domingo (27). O incidente resultou tragicamente na morte de um torcedor do Cruzeiro e deixou outros feridos. Lamentamos profundamente mais esse triste acontecimento e manifestamos nossa solidariedade e demonstramos nosso consternamento aos familiares da vítima, repudiando com veemência tais atos de violência.
Queremos desde já deixar claro que a Mancha Alvi Verde não organizou, participou ou incentivou qualquer ação relacionada a esse incidente. Com mais de 45.000 associados, nossa torcida não pode ser responsabilizada por ações isoladas de cerca de 50 torcedores, que desrespeitam os princípios de respeito e paz que promovemos e defendemos.
A Mancha Alvi Verde repudia toda e qualquer forma de violência e reafirma seu comprometimento e compromisso com a segurança e a convivência pacífica entre torcedores. Estamos à disposição das autoridades para colaborar plenamente com as investigações, auxiliando na identificação e punição dos responsáveis por mais esse fatídico e lamentável episódio ocorrido na madrugada desse domingo.”
Redação / Folhapress