MP põe em xeque versão de vice de futebol do Fla sobre briga em shopping

RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – O MPRJ se manifestou no processo sobre a briga de Marcos Braz, vice-presidente de Futebol do Flamengo, e o torcedor Leandro Gonçalves Júnior, em um shopping no Rio de Janeiro, e contestou a versão apresentada pelo dirigente. O caso completa um mês nesta quinta-feira (19) (19).

O QUE ACONTECEU

O documento, assinado pelo promotor Márcio Almeida Ribeiro da Silva, contraria pontos apresentados pelo dirigente sobre a confusão, e pede que ele e o amigo Carlos André da Silva sejam autuados pelo crime de lesão corporal.

Foram analisados os depoimentos à polícia, gravação das imagens do shopping e os exame de corpo de delito feitos logo após a briga.

“Os termos de declarações de Marcos e Carlos destoam da realidade dos fatos revelados pela análise das imagens, tornando suas versões frágeis a respaldar a pretendida justificativa para suas condutas”, diz trecho do documento do MPRJ.

O QUE DISSE BRAZ E O MPRJ?

Em entrevista coletiva no dia 21 do mês passado, no Ninho do Urubu, Marcos Braz apontou que o estopim para a confusão foi uma ameaça à filha.

“Fui falando com ele, na direção dele, falei sistematicamente, várias vezes, que a minha filha estava ali. E aí peço até desculpa pelo que vou falar, mas a última frase dele foi: ‘Foda-se a sua filha’. E aí o final vocês viram”, disse, na ocasião.

A frase, porém, não consta no depoimento do dirigente à polícia. Carlos André, que se apresentou como amigo de Braz, citou frase parecida, mas dirigida a ele. Alegou que, ao tentar acalmar os ânimos, ouviu: “Foda-se você. Sai de perto porque se não você vai morrer também”.

Em depoimento, Braz disse que “falou para o agressor parar com as ameaças pois estava na companhia de sua filha; que ficou muito preocupado pois sua filha tinha saído do seu campo de visão e ficou preocupado achando que pudesse acontecer algum mal a ela; que saiu da loja para tentar achar sua filha e, neste momento, o agressor que agora sabe se chamar Leandro Campos da Silveira Gonçalves Junior, continuou as agressões verbais e não recuou”.

O dirigente completou afirmando que “Leandro ficou muito próximo e começaram agressões mútuas; Que Leandro deu alguns chutes e socos; Que ambos caíram no chão e, neste momento, teve o nariz lesionado; Que os seguranças do shopping separaram a briga; Que, no momento dos fatos, estava na companhia de seu amigo André, sua filha”.

O MPRJ aponta, porém, que “resta evidente a ausência de qualquer ato de agressão física por parte de Leandro, que não conseguiu esboçar nenhuma defesa diante da iniciativa de agressão praticada pelo senhor Marcos, para a qual concorreu o senhor Carlos André, levando à conclusão de que Marcos se lesionou ao cair sobre o ofendido”.

“A filha do senhor Marcos Braz caminha juntamente com duas amigas pelo corredor do shopping e se dirigem ao interior da loja, onde Marcos a esperava, sendo certo que a presença das mesmas dura pouco mais de 2 minutos e 40 segundos, entre cumprimentos, escolha de algum objeto e despedida, tendo a filha de Marcos saído da loja sem que tenha havido qualquer contato ou percebido a presença do senhor Leandro”, afirma trecho do documento do MPRJ.

O órgão também frisa “que nos termos de declarações colhidos durante a fase investigatória não houve nenhuma menção a injúrias ou ameaças que envolvessem a filha do senhor Marcos Braz, sendo certo que as imagens são claras no sentido de que não houve na cena da agressão física nenhuma conexão entre os momentos fáticos ou mesmo a presença simultânea da filha do agressor e do agredido Leandro”.

Em coletiva, o dirigente tinha afirmado que não seria burro “de falar isso” e “depois não aparecerem as imagens dela comigo na loja me abraçando, me beijando e depois saindo ao lado”.

O UOL procurou Marcos Braz, que afirmou que o tema está entregue ao advogado, mas disse estar tranquilo e respeitar o encaminhamento do MP.

ALEXANDRE ARAÚJO / Folhapress

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