SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – As chuvas no Rio Grande do Sul atingiram em cheio a produção de arroz orgânico do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), principal cartão de visitas da política agroecológica do grupo.
A estimativa do movimento é de que a perda pode chegar a até 10 mil toneladas de arroz, cerca de 50% do total –na safra 2022/2023, foram colhidas 16 mil toneladas, mas o rendimento foi de 20 mil em anos anteriores.
Os sem-terra ainda aguardam o nível da água abaixar no Rio Grande do Sul para avaliar quanto será possível preservar do que ainda não foi colhido e qual a extensão dos danos em equipamentos e instalações.
Dos oito assentamentos localizados nas cidades da região metropolitana de Porto Alegre, sete contabilizam 100% da produção afetada pela enchente –o assentamento de Viamão ainda não concluiu o levantamento. Em três deles, todas as casas de assentados foram atingidas.
Para a safra 2023/2024, a previsão era a de colher 280 mil sacas de arroz orgânico, sendo 150 mil na região metropolitana de Porto Alegre.
O MST tem adotado estratégia de intensificar a produção de arroz orgânico em Maranhão, Pernambuco e Rio Grande do Norte, com o objetivo de contornar os problemas com chuvas no Rio Grande do Sul. No entanto, a produção ainda não atingiu escala como no Sul.
Conforme o Irga (Instituto Riograndense do Arroz), órgão vinculado do Governo do Rio Grande do Sul que monitora a produção do grão, mais de 4.000 hectares da produção de arroz orgânico estão em assentamentos do MST, contra menos de 1.000 hectares dos demais produtores do estado, que concentra 70% da produção do grão no Brasil.
Segundo o movimento, as cheias também afetaram hortas dos sem-terra e ameaçam os produtores de leite ligados ao MST.
GUILHERME SETO / Folhapress