Mulheres da família Senna protegem legado do ídolo

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O próximo 1º de maio marcará 30 anos da morte de Ayrton Senna, tricampeão da F1 e ídolo de enormes proporções do esporte brasileiro. Ao longo das últimas três décadas, quatro mulheres têm se esforçado para manter vivo o legado do piloto: Neyde, sua mãe, Viviane, sua irmã, e Bianca e Lalalli, suas sobrinhas.

Esse esforço já era arquitetado antes mesmo do acidente que tirou a vida de Ayrton, no GP de San Marino, em Ímola. Coube a Viviane Senna, seis meses depois, em novembro de 1994, fundar o Instituto Ayrton Senna, organização não governamental dedicada à educação.

“[O Ayrton] era apaixonado pelo Brasil, e dessa paixão nasceu o desejo de fazer alguma coisa, de ajudar. Dois meses antes do acidente, ele me falou: ‘Eu queria ajudar de alguma forma, mas não sei como e gostaria que você pensasse o que a gente poderia fazer’. Nós ficamos de conversar, só que não deu tempo de ter uma segunda conversa. Nós [da família] decidimos levar à frente esse sonho”, recordou Viviane à Folha de S.Paulo.

Formada em psicologia, ela fazia atendimentos em consultório nos anos 1990. Quando veio à luz a ideia do instituto, a ajuda passou a ser em larga escala e com foco de atuação na educação.

“Nós nascemos com um conjunto de potenciais, mas o que transforma esse potencial em realidade, o que materializa esse potencial, é a educação”, afirmou Viviane, presidente da instituição.

Em 30 anos de história, o Instituto Ayrton Senna esteve presente em mais de 3.000 municípios brasileiros e, segundo levantamento interno, impactou a vida de mais de 36 mil crianças e adolescentes do país.

Para Viviane, a missão é ligada ao modo Ayrton de ver a vida. “Ele é a história do potencial que se realizou”, afirmou, citando a mensagem de Senna que norteia a instituição: “Se você lutar, se você persistir, se você tiver garra, determinação, disciplina e resiliência, você vai se desenvolver e vai chegar lá.”

Além do instituto, a família do tricampeão mundial decidiu dar continuidade à marca Senna, criada pelo próprio Ayrton em 1990. A empresa é liderada há quatro anos por Bianca Senna e agora se chama Senna Brands, de modo a englobar o Instituto Ayrton Senna e as marcas Senninha e Senna.

Com o slogan “busque sua verdade”, a marca Senna se define como a manifestação viva do legado de Ayrton e convida os fãs a buscar suas melhores versões diariamente. Aí existe um viés comercial, com produtos como camisetas e linhas exclusivas, como o tênis em parceria com a Asics.

A missão de promover o legado do ídolo alcançou ainda o mundo da arte. Lalalli, outra das sobrinhas do craque das pistas, inaugurou em novembro de 2022 a obra “Nosso Senna”, enorme busto instalado no autódromo de Interlagos, em São Paulo, como parte das comemorações dos 50 anos da F1 no Brasil.

“Ele merecia uma obra de arte para eternizar o legado dele para as próximas gerações, trazer o que ele foi aos outros, ao futuro”, disse Lalalli à Folha.

O busto tem também influência de outra das mulheres da família Senna, Neyde, mãe do piloto. De acordo com Lalalli, foi Neyde quem pediu a realização de uma obra que captasse o legado de Ayrton, uma manifestação artística visual de algo que palavras não eram capazes de reproduzir.

“Ele foi um piloto tricampeão mundial de Fórmula 1, mas isso não traduz aquilo que ele representou. Você só consegue dizer até um tanto, mas o que aquilo significa é uma dimensão diferente. A importância, a energia que as pessoas sentiam dele, o que ele movimentou nelas, eu acho que, de alguma forma, da minha forma, eu tento trazer isso.”

Exposto no setor A do autódromo, o busto tem aspecto espelhado. “É para que as pessoas se sintam refletidas ao olhar para essa figura que é mais do que um campeão, é uma quase uma força motriz dentro de nós”, disse Lalalli.

Para a artista, à medida que o tempo passa, Senna “perde sua materialidade e se torna um ser eternizado”. “Ele pode continuar potencializando o melhor das pessoas mesmo não estando mais aqui. Ele pode estar vivo como um símbolo.”

MARIA CLARA CASTRO / Folhapress

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