LOS ANGELES, EUA (FOLHAPRESS) – O letreiro imponente de Hollywood pode ofuscar qualquer outra arte além do cinema, mas Los Angeles também é a casa dos astros da música e do Grammy, a premiação mais importante do setor, que tem um museu na região central da cidade.
Por não ter um acervo fixo, a instituição é um tanto irregular se por um lado pode ser sempre instigante, por estar em constante mudança por meio de suas exposições temáticas, ao visitá-lo também fica a sensação de que falta ao menos uma sala com o que há de mais importante, senão da música, ao menos da premiação e dos artistas mais importantes de sua história.
Dessa forma, para não se frustrar, uma visita deve ser condicionada ao interesse nas mostras em cartaz ainda que o ingresso seja acessível de US$ 7,50, ou R$ 41 na cotação atual do dólar e a instituição fique perto de outros pontos turísticos importantes, como os museus de arte contemporânea The Broad e Moca.
A principal exposição do momento, que está em cartaz desde outubro do ano passado e vai até dezembro, é sobre hip-hop. O visitante logo é recepcionado com projeções nas paredes de performances de rappers no Grammy, como a de Eminem com “Lose Yourself” ou a de Beyoncé e seu marido Jay-Z com “Drunk in Love”.
As apresentações são emblemáticas, mas a escalação soa restrita, porque, ao incluir só o que aconteceu no Grammy, a curadoria deixa de fora tantas outras performances e artistas que tiveram importância fundadora para o hip-hop, mas não passaram no crivo dos jurados da premiação, que nem sempre laureou os melhores.
Se a ideia é percorrer a história do hip-hop e mostrar seu impacto na dança, nas artes visuais, na moda e no ativismo, temos então um problema, que pode ser mais acentuado em mostras de escopo amplo como esta, mas menos visível em programas dedicados a um artista específico.
No momento, aliás, não há nenhuma mostra dessas personalidades em cartaz, o que também evidencia certa limitação do museu, que já montou programas sobre os Beatles, Elvis Presley, Michael Jackson, Bob Marley, Whitney Houston, Amy Winehouse, Jenny Rivera, Shakira e Taylor Swift.
Ressalvas à parte, não deixa de ser divertido interagir com um mapa dos Estados Unidos que explica a cena do hip-hop em suas principais capitais ou com mixers e outros equipamentos que mostram como esse gênero revolucionou o jeito de fazer música.
Os DJs de hip-hop foram precursores na prática dos samples, hoje centrais em todos os gêneros musicais. Ao reproduzir um trecho de uma canção noutra idêntico ou com elementos sonoros diferentes, eles foram capazes de criar uma batida completamente distinta.
A exposição é capaz de mostrar o brilhantismo da música criada nas periferias americanas, mas deve ser vista mais como um convite a um mergulho mais profundo e por conta própria no assunto do que uma experiência definitiva.
GRAMMY MUSEUM
– Onde West Olympic Boulevard, 800, Los Angeles
– Preço US$ 7,50
– Agenda de exposições grammymuseum.org/exhibits
PEDRO MARTINS / Folhapress