SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Museu Nacional, na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), corre risco de um novo incêndio. Parte do local que abriga coleções como a de invertebrados está sem energia elétrica após corte da Light, nesta segunda (12). Os espécimes são conservados em álcool, e a falta de refrigeração pode causar combustão.
A afirmação é da direção do espaço. “Estamos muito preocupados com essa falta de energia nas instalações. Precisamos ressaltar que existe o risco real de incêndio e de perda de acervo. Quem vai ser responsabilizar se isso acontecer?”, diz Alexander Kellner, diretor do museu.
O complexo do museu tem três estações de distribuição. A primeira é do Palácio de São Cristóvão, onde ocorreu um grano incêndio em 2018. Lá, há energia., A segunda é do Horto Botânico, espaço onde está o Manto Tupinambá, item incorporado ao acervo após devolução da Dinamarca.
A terceira é a dos prédios provisórios, nos quais ainda não há luz.
Segundo a Light, a energia do Museu Nacional foi reestabelecida. “Unidades cadastradas como essenciais, como os serviços de saúde e segurança, foram poupadas da suspensão para garantir a continuidade desses atendimentos à população.”
Um incêndio atingiu o Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, na zona norte do Rio, em setembro de 2018. Mais antigo do país e com acervo com mais de 20 milhões de peças, o museu passava por dificuldades financeiras geradas pelo corte em seu orçamento.
Mais de 90% do acervo em exposição se perdeu, incluindo o Maxakalisaurus topai, quadrúpede herbívoro que era o maior dinossauro já montado no Brasil.
O reitor da UFRJ convocou seus professores a darem aulas na rua após a concessionária Light cortar a energia dos prédios da instituição, nesta terça, e a Águas do Rio interromper o abastecimento de água, nesta quarta (13).
CRISE
“Se eles querem, através da força, que não estejamos dentro da sala de aula, nós, professores, iremos para a rua”, diz Roberto Medronho.
A Light interrompeu o fornecimento de energia elétrica nas instalações da universidade após diversas tentativas de acordo e reuniões com a reitoria da UFRJ desde junho deste ano, informou a concessionária.
Somente as unidades cadastradas como essenciais, caso dos serviços de saúde e segurança, foram poupadas da suspensão para garantir a continuidade desses atendimentos à população.
A dívida total da universidade junto à Light soma R$ 31,8 milhões, referente a faturas vencidas entre março e novembro de 2024, além de R$ 3,9 milhões em parcelas não quitadas de um acordo firmado em 2020.
Na época, a empresa e a reitoria pactuaram o parcelamento de uma dívida de R$ 21,3 milhões. Contudo, apenas R$ 13 milhões foram pagos até o momento.
BRUNO LUCCA / Folhapress