Museus do Rio Grande do Sul tentam proteger seus acervos, mas sofrem danos

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Os museus do Rio Grande do Sul têm se esforçado para proteger seus acervos das enchentes que invadiram o estado nos últimos dias, mas há prédios que já foram danificados e vão precisar de reparos.

É o caso do Museu de Arte do Rio Grande do Sul, o Margs, que fez uma força-tarefa para resguardar suas obras nos andares superiores antes de ter o térreo inundado. A instituição fica no Centro Histórico de Porto Alegre, uma das áreas mais afetadas pela chuva. Na manhã desta quarta-feira, 8, o nível da água dentro do prédio era de 5,1 m de altura, segundo a secretaria de cultura Beatriz Araújo.

A enchente causou danos nos setores hidráulico e elétrico do museu. O setor administrativo, no térreo do prédio, também foi gravemente afetado -todos os computadores foram perdidos. Além disso, será preciso repintar as paredes do local. Foram enviadas equipes de vistoria até o local, por meio de botes, no domingo e na terça-feira.

O acervo só foi salvo porque a Secretaria de Cultura do estado monitorou os avisos sobre as enchentes ao longo da semana passada, diz Araújo. O processo de locomoção das obras foi facilitado porque as principais já estavam guardadas nos andares superiores.

“Optamos por estabelecer um protocolo, o mais grave de todos, na intenção de tirar o restante do acervo da reserva técnica, que fica no térreo”, conta ela.

As enchentes atingiram também vários outros centros culturais, como a Casa de Cultura Mario Quintana (CCMQ), o Memorial do Rio Grande do Sul e o Museu da Comunicação Hipólito José da Costa (MuseCom). Seus acervos foram protegido a tempo, ainda que os prédios das duas primeiras instituições também tenham sofrido estragos. Ainda não houve vistoria no MuseCom.

Nem todas as instituições conseguiram proteger seus acervos, entretanto. Em nota, a Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa de Porto Alegre afirmou que a inundação causou “severos danos nos equipamentos culturais do Centro Municipal de Cultura”, no bairro Menino Deus.

Uma inspeção feita nesta terça constatou que houve danos ao Teatro Renascença, à Biblioteca Josué Guimarães e ao Atelier Livre Xico Stockinger. Os prejuízos ainda estão sendo avaliados, mas já sabe-se que palco, equipamentos, poltronas e carpete do teatro foram arruinados. Na biblioteca, 150 livros foram perdidos.

A Fundação Iberê, outra instituição importante da cultura de Porto Alegre, ainda não foi inundada. Segundo a assessoria de imprensa do espaço, que reúne obras do pintor Iberê Camargo, a água precisa alcançar 8 m de altura para chegar até lá, e, ainda assim, cairia primeiro no subsolo antes de chegar ao estacionamento. Mesmo assim, por precaução, o acervo foi guardado no quarto andar.

As obras da Cinemateca Capitólio, no Centro Histórico, não foram atingidas, mas estão sendo mantidas sob supervisão. Ainda que a área seja de risco, a água invadiu somente o subsolo do prédio.

“Nós já falamos duas vezes com o governo federal, especialmente com Márcio Tavares, o secretário-executivo do Ministério da Cultura”, diz Araújo. “A resposta tem sido positiva. Vamos precisar de um recurso muito expressivo. Precisamos deixar qualquer diferença ideológica de lado. É absolutamente distópico o que estamos vivendo.”

GUILHERME LUIS / Folhapress

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