SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – “Agora eu sou a ‘nepo baby’ que provou que um ‘nepo baby’ vale a pena”, afirmou Fernanda Torres ao site americano IndieWire, neste sábado (11), ao criticar o estigma em torno dos filhos que seguem a mesma carreira de pais bem-sucedidos.
Em entrevista à publicação especializada em cinema, TV e mídia digital, a vencedora do Globo de Ouro de melhor atriz por “Ainda Estou Aqui” classificou o debate como “a luta errada”, por não atingir, de fato, as causas da desigualdade que quer combater.
“A boa luta é por uma boa educação para todos. A desigualdade não se baseia nas oportunidades que um ‘nepo baby’ pode ter. Você pode eliminar todos os ‘nepo babies’ do mundo, e ainda assim não resolverá o problema da desigualdade. Taxar grandes fortunas é uma forma de combater a desigualdade. Lutar por saúde para todos, por educação para todos [é]”, disse.
A atriz e escritora, que cresceu acompanhando o trabalho dos pais, Fernanda Montenegro e Fernando Torres, afirmou que a discussão sobre os “nepo babies” não considera o aprendizado íntimo envolvido na relação familiar e na transmissão da herança cultural.
“Você não precisa matar um ‘nepo baby’ assim que ele nasce. Eu realmente odeio essa ideia porque isso é antigo, as pessoas aprendem no ambiente em que vivem. A mesa de jantar da minha casa era o lugar onde meus pais ensaiavam. Não significa que, quando você é um ‘nepo baby’, sua vida está resolvida. Pelo contrário, você tem que se reinventar. Você tem outras questões”, disse a intérprete de Eunice Paiva ao site.
O termo ganhou popularidade após a revista americana New York publicar uma reportagem em 2022 analisando a genealogia de celebridades de Hollywood.
“Isso dá às pessoas espaço para apontar dedos umas para as outras, fingindo que estão lutando contra a desigualdade, enquanto estão apenas destruindo algo bonito, como uma família de circo, por exemplo. Eu venho de uma família de circo. Então, sou a prova de que os ‘nepo babies’ têm uma chance! Eles deveriam ter uma chance no mundo. Não matem os ‘nepo babies’! Hoje em dia, estamos cheios de lutas erradas e barulhentas que não nos levam a lugar nenhum. A luta contra a desigualdade, por taxar grandes fortunas, por regular o mundo digital, essas são as boas lutas. Vamos lá, pessoal, acordem.”
Redação / Folhapress