RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O ministro-chefe das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou nesta sexta-feira (12) que não desceria ao nível das acusações do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e que seu foco é seguir trabalhando com o Congresso para aprovar pautas de interesse do país.
“Não vou descer a esse nível”, disse ele, em entrevista antes de evento no Rio de Janeiro, acrescentando que sua mãe lhe ensinou que “quando um não quer, dois não brigam”.
Padilha sofreu ataques de Lira nesta quinta (12), em resposta a reportagens sobre derrota na votação que manteve a prisão do deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), suspeito de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ).
Lira acusou Padilha de vazar tese de que ele teria saído enfraquecido do episódio e o chamou de “desafeto” e “incompetente”. “Não existe partidarização, eu deixei bem claro que ontem a votação é de cunho individual, cada deputado é responsável pelo voto que deu. Não tem nada a ver.”
Instado a comentar o episódio nesta sexta, Padilha repetiu algumas vezes versos do rapper Emicida: “rancor é tumor, envenena a raiz, e a plateia quer ser feliz”. “O Brasil quer ser feliz”, completou.
Na quinta, o ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais usou as suas redes sociais para rebater a crítica, embora sem mencionar Lira ou mesmo o episódio. Padilha publicou um vídeo no qual é elogiado por Lula, que fala que ele tem o “cargo mais espinhoso do governo”.
Ele voltou a repetir o argumento nesta sexta. “Sobre competência, eu deixo as palavras do presidente Lula. O presidente Lula já falou sobre isso”.
Padilha afirmou avaliar que a relação do governo com o Congresso “é um sucesso”. “Considero que governo e Congresso Nacional fizeram uma dupla de sucesso na agenda econômica, na agenda de retomada das políticas sociais…”
Como palestrante do evento desta sexta, o ministro disse que apresentaria alguns desses resultados, principalmente o avanço em projetos ligados a energias renováveis. “Vou seguir o meu trabalho alimentando essa dupla, não vou desviar meu foco de forma nenhuma”, prosseguiu.
Desde o fim do ano passado, Lira tem criticado a atuação de Padilha, o principal articulador do Executivo no Congresso Nacional. Ele chegou a levar essas queixas ao próprio Lula (PT) e a indicar que, sem a troca do ministro, a pauta do governo na Câmara não avançaria.
Desde então, o diálogo entre os dois foi rompido –Lira, agora, trata diretamente com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, após acordo firmado com o presidente.
Em fevereiro, em um sinal de pacificação, Lira e lideranças da Câmara foram recebidos pelo mandatário no Palácio da Alvorada. O encontro contou com a participação de Padilha. No entanto, a relação permaneceu tensa entre os dois.
NICOLA PAMPLONA / Folhapress