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Nelson Tanure faz oferta pelo controle da Braskem

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O empresário Nelson Tanure fez uma oferta para a aquisição do controle da petroquímica Braskem, a maior companhia do segmento na América Latina. Atualmente, a empresa é controlada pela Novonor (ex-Odebrecht), que detém 50,1% das ações com direito a voto, e pela Petrobras, com 47%.

A notícia foi adiantada pelo colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, e confirmada pela reportagem.

Nos bastidores, o que se comenta é que Tanure entraria na companhia por meio de um de seus fundos de investimentos e preservaria a Novonor no quadro de acionistas, porém com uma fatia minoritária de até 5%.

A Braskem possui praticamente todos os grandes bancos na lista de credores. Para assumir o controle da companhia, Tanure teria que negociar com Itaú, Bradesco, Santander, Banco do Brasil e BNDES, além da própria Petrobras.

O problema com os bancos foi adquirido pela Novonor nos desdobramentos da operação Lava Jato. A antiga Odebrecht teria colocado suas ações na petroquímica como garantia de R$ 15 bilhões em dívidas com as instituições financeiras -valor que é superior ao valor de mercado da Braskem. Desde então, a Novonor tem sido pressionada a diminuir sua participação na companhia.

Com uma situação financeira complicada, a petroquímica lida com a escalada de sua dívida, afetada principalmente pela baixa nos preços da indústria global. No primeiro trimestre deste ano, a dívida líquida chegou a US$ 6,6 bilhões, alta de 25% na comparação com o mesmo período de 2024.

A Braskem encerrou as negociações desta sexta (23) na B3 com alta de 7,5%, negociada a R$ 10,99 —valor ligeiramente abaixo do pico no intraday, quando os papeis chegaram a valer R$ 11,25. Em um ano, as ações da companhia desvalorizaram mais de 45%.

Até o fechamento do mercado nesta sexta, a petroquímica era avaliada em R$ 8,1 bilhões.

Consultados, Tanure e Braskem não quiseram comentar.

APOSTA DE TANURE

Um dos maiores investidores do mercado brasileiro, Nelson Tanure é conhecido por apostar em empresas com dificuldades financeiras para reestrurá-las e vende-lás por um valor maior depois. O empresário adota uma linha mais arrojada nos investimentos, organizada através de fundos e estruturas societárias complexas.

Atualmente, o empresário baiano é controlador da Prio (antiga PetroRio), detém participações na Light e na Alliança Saúde, além de ser um dos maiores acionistas da Gafisa.

No final do ano passado, Tanure adquiriu o controle da rede de supermercados Dia Brasil e, mais recentemente, diminuiu para menos de 5% a participação que detinha no Grupo Pão de Açúcar após uma tentativa malsucedida de controlar mais vagas no conselho da companhia.

A atuação de Tanure na Gafisa lhe rendeu problemas com a CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Ele respondeu a um processo sancionador relacionado ao aumento de capital da construtora, feito em 2019. Segundo a denúncia, Tanure e outros executivos teriam aprovado o aumento com condições de preço que violavam a Lei das S.A.

Em dezembro do ano passado, Tanure e os executivos inseridos no processo foram absolvidos pela CVM.

A CRISE NA BRASKEM

Na Braskem, além da crise financeira atenuada pela baixa no ciclo da indústria petroquímica mundial, a companhia ainda lida com uma grave crise de imagem, decorrente de desastres ambientais na operação de Maceió (Alagoas), com o afundamento do solo causado pela exploração de sal-gema.

A área afundada corresponde a 20% do território de Maceió e fez com que cerca de 60 mil pessoas tivessem que deixar suas casas na capital alagoana. Estima-se que até o final do ano passado a empresa já havia desembolsado R$ 17,7 bilhões em indenizações, obras de contenção e provisões adicionais.

Envolvida diretamente na operação Lava Jato, a Braskem também firmou um acordo de leniência com autoridades do Brasil, Estados Unidos e Suíça, admitindo participação em esquemas de pagamento de propinas a políticos em troca de contratos públicos e facilidades regulatórias. Parte do acordo de leniência assinado em 2016 envolveu o pagamento de R$ 3,1 bilhões em multas.

Em 2019, a companhia ainda firmou uma acordo com a CGU (Controladoria-Geral da União) no valor de R$ 2,8 bilhões. Pelos termos celebrados, os pagamentos se encerrariam em janeiro deste ano, porém, no final do ano passado, a companhia acertou o alongamento da dívida com o pagamento de R$ 35 milhões em 2025, R$ 35 milhões em 2026, R$ 55 milhões em 2027 e parcelas de R$ 158 milhões cada em 2028, 2029 e 2030.

DIEGO FELIX / Folhapress

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