SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, reconheceu pela primeira vez neste domingo (10) que deu aval para o ataque via explosão de pagers contra o grupo libanês Hezbollah em setembro.
A declaração foi dada à agência de notícias AFP por Omer Dostri, porta-voz do premiê de Israel.
Dostri disse que Netanyahu afirmou que autorizou a operação durante uma reunião semanal do Conselho de Ministros. Até autoria da ação não havia sido reivindicada até o momento.
O ataque, ocorrido em Beirute em 17 de setembro, matou ao menos nove pessoas e feriu quase 3.000 centenas de pessoas perderam a visão, e diversas tiveram membros amputados. Na ocasião, o governo libanês e o Hezbollah acusaram o Estado judeu pela ofensiva, mas este não se pronunciou sobre a autoria dos incidentes, como é praxe nesses casos.
Pagers são dispositivos eletrônicos portáteis e sem fio que funcionam como receptores de mensagens curtas de texto, enviadas por centrais telefônicas. Esses objetos emitem alertas sonoros ou vibram para informar sobre um novo recado, que fica disponível no visor. Os equipamentos se proliferaram nos anos 1980 e 1990 e depois caíram em desuso.
Ao utilizá-los, o Hezbollah buscava impedir que Tel Aviv tivesse acesso a informações militares sensíveis. Algumas das tecnologias de monitoramento digital mais avançadas do mundo nasceram em Israel, e uma simples troca de mensagem via smartphone entre membros do grupo libanês permitia que os militares do país identificassem pontos de disparo no sul do Líbano e impedissem o lançamento de artilharia atacando-o com drones, mísseis ou foguetes.
Sob condição de anonimato, autoridades dos Estados Unidos revelaram que Israel plantou os explosivos dentro dos pagers antes mesmo que eles chegassem ao Líbano e começassem a ser usados pelo Hezbollah.
Tensões entre os israelenses e a milícia libanesa vêm de longa data, e haviam se intensificado já no início da guerra Israel-Hamas assim como o grupo palestino, o Hezbollah é bancado pelo Irã, e declarou seu apoio aos combatentes em Gaza logo que a faixa foi invadida.
As tensões se intensificaram em julho, após a morte do comandante Fuad Shukr em um ataque de Israel que atingiu um edifício em Beirute. Até que, no final de setembro, depois de duas semanas de bombardeios que dizimaram a cúpula do grupo, o Exército de Israel iniciou uma incursão terrestre sobre o sul do Líbano, a primeira do tipo em quase 20 anos.
O governo libanês calcula que mais de 3.000 pessoas tenham morrido em seu território desde então, e outras 14 mil tenham ficado feridas.
Redação / Folhapress