SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, afirmou nesta segunda-feira (8) que há uma data estabelecida para a invasão da cidade de Rafah, o último refúgio de metade da população da Faixa de Gaza. O premiê, entretanto, não disse quando a ação terá início.
A declaração ocorreu um dia após autoridades israelenses anunciarem a redução do contingente militar no sul de Gaza um porta-voz militar disse à agência de notícias Reuters que apenas uma brigada permanecia na região. O movimento gerou especulações sobre a invasão de Rafah, que vem sendo prometida por Netanyahu a despeito de pressão da comunidade internacional.
“Hoje recebi um relatório detalhado sobre as conversas no Cairo. Estamos constantemente trabalhando para alcançar os nossos objetivos: em primeiro lugar, a libertação de todos os nossos reféns e alcançar uma vitória completa sobre o Hamas”, disse Netanyahu. “Essa vitória exige a entrada em Rafah e a eliminação dos batalhões terroristas que estão lá. Isso vai acontecer. Há uma data.”
Nos últimos meses, a possível incursão à cidade se tornou um ponto de tensão entre Israel e alguns de seus principais aliados, incluindo os Estados Unidos. O presidente Joe Biden falou pela primeira vez, na semana passada, em condicionar o apoio a Tel Aviv a uma mudança de postura do aliado em Gaza
Em telefonema, o americano afirmou a Bibi, como o premiê israelense é chamado, que o país precisaria adotar passos “específicos, concretos e mensuráveis” para lidar com danos a civis, sofrimento humanitário e segurança de trabalhadores humanitários em Gaza. A advertência aconteceu após um ataque de Israel a um comboio sinalizado da ONG World Central Kitchen (WCK) matar sete trabalhadores humanitários no começo da semana.
Mais de 33 mil palestinos foram mortos em Gaza durante os seis meses da guerra, segundo o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas. O território está em ruínas, e a maioria dos 2,4 milhões de habitantes está à beira da fome, segundo a ONU. As ações israelenses são respostas aos atentados de 7 de outubro, quando 1.200 pessoas foram assassinadas por terroristas no sul do país.
Bibi costuma manter sua posição em relação aos planos de invasão a Rafah. No último dia 31, após enfrentar uma noite de protestos contra seu governo dentro de Israel, o premiê fez um discurso no qual reafirmou que pretende adentrar a cidade. “Leva tempo, mas será feito. Não há vitória sem isso”, afirmou ele na ocasião.
No domingo (7), o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, já havia dito que as tropas estavam se retirando do sul de Gaza com o objetivo de se prepararem para as próximas missões. Após a diminuição do contingente, milhares de pessoas que estavam abrigadas em Rafah voltaram à cidade de Khan Yunis, onde encontraram uma cidade devastada.
Mapas elaborados com base em imagens de satélite analisadas pelas Nações Unidas mostram que mais de 88 mil edificações número equivalente a cerca de 35% das construções de Gaza foram destruídas ou danificadas no território palestino durante a guerra.
Pressionado, Netanyahu tem feito recuos pontuais. O governo israelense anunciou na semana passada a reabertura da passagem de Erez, no norte de Gaza, e a retomada do uso do porto de Ashdod, no sul israelense para o envio de ajuda humanitária ao território palestino.
Em comunicado, a Casa Branca saudou a chegada, no domingo, de mais de 300 caminhões de ajuda humanitária a Gaza, mas destacou que o governo americano estava pressionando Israel a aumentar esse número para cerca de 350.
Já o líder da oposição israelense Yair Lapid disse que discutiu a necessidade de uma “solução” no conflito, principalmente a libertação dos reféns, em conversas com o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, nesta segunda.
Segundo Lapid, um acordo de reféns é difícil, mas factível. Uma nova rodada de negociações entre Hamas e Israel, com mediação de Egito, Estados Unidos e Qatar, aconteceu nos últimos dias no Cairo. Autoridades israelenses e do Hamas, no entanto, manifestaram pessimismo. “Ainda não vemos um acordo no horizonte”, disse uma autoridade israelense, citado pelo portal israelense Ynet. Ele afirmou que “a distância continua grande” entre os posicionamentos de ambas as partes.
Redação / Folhapress