Netanyahu diz que ‘fase mais intensa’ da guerra na Faixa de Gaza está acabando

BOA VISTA, RR (FOLHAPRESS) – O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, afirmou neste domingo (23) que a “fase mais intensa” da guerra na Faixa de Gaza contra o Hamas está chegando ao fim. A fala foi dada pelo premiê ao Canal 14 local, em primeira entrevista à imprensa israelense desde o início do conflito.

O primeiro-ministro israelense disse ainda que isso “não significa que a guerra esteja a ponto de terminar, mas que a fase intensa da guerra está prestes a terminar em Rafah”.

A cidade no sul da Faixa é o último grande centro urbano do território palestino sobre o qual Israel ainda não avançou completamente. Combates por todos os lados da cidade fecham o cerco sobre o que seria, segundo Tel Aviv, o último reduto de integrantes do grupo terrorista.

Netanyahu repetiu um posicionamento de longa data de que estava disposto a concordar apenas com pausas temporárias nos combates para liberar alguns reféns, não com o fim total da guerra que o Hamas tem exigido. Bombardeios ocorreram nesta segunda-feira (24) em Rafah, mas também no centro e no norte de Gaza.

A fala gerou críticas das famílias dos reféns, que há muito acusam o premiê de atrasar a libertação dos sequestrados com o prolongamento da guerra.

Nesta segunda, após a entrevista de Netanyahu, familiares autorizaram a publicação de um vídeo do sequestro de três reféns, gravado pelo Hamas. Imagens semelhantes já eram de conhecimento público, mas outras, como essa divulgada, ainda não.

O vídeo mostra reféns na parte de trás de uma caminhonete ao lado de homens armados com fuzis AK-47, Os sequestrados aparecem ensanguentados, e é possível ver que um deles está sem parte do antebraço.

A divulgação foi feita pela associação de familiares de sequestrados. O grupo tem criticado o governo de Netanyahu e classificado de negligência a ausência de um acordo para resgatar os reféns.

Em um discurso no parlamento nesta segunda, o premiê disse que Israel continuava comprometido com a proposta de cessar-fogo e com um acordo pelos reféns –em referência a proposta apresentada pelos Estados Unidos na ONU no início do mês. Ele repetiu, no entanto, que não encerraria o conflito até que o Hamas fosse eliminado.

O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, chegou a Washington também nesta segunda. Ele se reuniu com William Burns, chefe da CIA, a agência americana de inteligência, e com o secretário de Estado, Antony Blinken.

“Gostaria de enfatizar que o compromisso principal de Israel é devolver os reféns, sem exceção, às suas famílias e lares. Continuaremos fazendo todos os esforços possíveis para trazê-los para casa”, disse Gallant antes de iniciar as reuniões.

Rusgas recentes entre Netanyahu e o governo de Joe Biden tem desgastado a aliança entre Tel Aviv e Washington. No domingo (23), o premiê israelense disse valorizar o apoio americano, mas criticou “queda dramática” no envio de munições dos EUA.

Netanyahu também usou a entrevista ao Canal 14 para atacar adversários políticos internos. O premiê parecia estar à vontade, em formato de entrevista de auditório cujos presentes o aplaudiam constantemente.

“Este é um governo de direita e, se [o governo] cair, não vai demorar muito para que haja um governo de esquerda que fará uma coisa imediatamente: estabelecer um Estado terrorista palestino”, disse o primeiro-ministro.

Netanyahu também indicou, quando questionado sobre o pós-guerra em Gaza, que Israel manterá “o controle militar em um futuro próximo”.

Embora seja muito cedo para sugerir que Netanyahu possa estar se preparando para uma eleição antecipada, seu retorno a um discurso de campanha indica a necessidade dele de fortalecer sua coalizão, disse à Reuters o cientista político Gideon Rahat, do Instituto de Democracia de Israel, uma organização bipartidária.

“Ele estava falando com sua base. Ele está sustentando seu governo, esse é o principal objetivo. E está tendo sucesso, está ganhando tempo”, disse Rahat.

Para além das críticas e protestos de familiares de reféns, Netanyahu se depara com pressões políticas de todos os lados.

No último dia 17, o premiê dissolveu seu gabinete de guerra e ampliou seu controle sobre a operação militar em Gaza. Dois integrantes do grupo já haviam renunciado na semana anterior com críticas à gestão de Netanyahu.

Além de aumentar se controle sobre as decisões referentes ao conflito, Netanyahu também evitou com a medida a pressão à direita: a ala mais radical de sua coalizão, principalmente representada pelos ministros ultradireitistas Bezalel Smotrich (Finanças) e Itamar Ben-Gvir (Segurança Nacional), reivindicavam espaço no gabinete de guerra.

Redação / Folhapress

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