BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou neste domingo (6) que o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, está usando a guerra no Oriente Médio para se vingar dos palestinos e permanecer no poder.
As declarações ocorreram na base aérea de São Paulo, em Guarulhos, onde Lula recepcionou o primeiro avião com repatriados do Líbano –o sul do território libanês foi recentemente invadido por forças israelenses, que combatem o Hezbollah, e a capital Beirute, bombardeada.
“O Brasil não tem contencioso com nenhum pais do mundo porque a gente não deseja a guerra, a guerra só destrói. O que constrói é a paz”, disse Lula.
O presidente também afirmou que seu governo sempre teve uma posição dura contra os ataques do Hamas há cerca de um ano, quando militantes do grupo terrorista mataram mais de 1.000 israelenses em incursões por Israel e fizeram dezenas de reféns.
“Mas nós temos uma posição muito dura contra o comportamento do governo de Israel, matando inocentes, matando mulheres, matando crianças, sem nenhum respeito pela vida humana. Que é uma forma que o presidente de Israel, o Netanyahu, encontrou para ficar no poder. É se vingar dos palestinos. E, agora, com Beirute”, declarou Lula.
O petista tem um histórico de críticas a Netanyahu e ao governo de Israel. No momento mais tenso, em fevereiro do ano passado, Lula comparou, durante uma viagem à Etiópia, as ações militares israelenses em Gaza à perseguição de judeus pela Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial.
A fala desencadeou uma crise diplomática. Lula foi declarado persona non grata por Tel Aviv. O governo Lula, por sua vez, considerou que seu então embaixador no país, Frederico Meyer, foi desrespeitado durante um ato para repreendê-lo por causa da comparação de Lula. Meyer nunca reassumiu seu posto e a missão brasileira em Tel Aviv permanece sem embaixador.
A comparação feita por Lula também gerou críticas de entidades judaicas no Brasil. Em resposta, o Planalto argumenta que as críticas de Lula sempre foram direcionadas ao governo Netanyahu, não ao país Israel ou ao povo judeu.
O Itamaraty informou recentemente que pelo menos 3.000 brasileiros preencheram formulários de interesse para entrar na fila da repatriação.
A missão de repatriação deve durar ao menos seis semanas. O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Marcelo Damasceno, estimou que a FAB tem capacidade para repatriar cerca de 500 brasileiros por semana, com modelos KC-30 e KC-390.
A prioridade é dada a nacionais do Brasil que estão de passagem no Líbano. Depois, virão os brasileiros com residência no país.
Lula esteve acompanhado na base aérea de São Paulo da primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja.
A primeira-dama pediu o fim da guerra na Oriente Médio.
“É um dia especial, de felicidade, mas também é um dia de coração apertado, sabemos que tem familiares lá, tem brasileiros, tem libaneses que ainda estão lá. Como o brigadeiro Damasceno falou, vamos conseguir trazer todos”, afirmou.
RICARDO DELLA COLETTA / Folhapress