ARACAJU, SERGIPE (FOLHAPRESS) – Neusa Maria Faro, que morreu na noite desta última sexta-feira (7) aos 78 anos, só não teve uma carreira mais extensa na televisão porque estreou tarde nas novelas. Seu primeiro papel, aos 50 anos de idade, é algo incomum para atrizes. Mas antes de sua imagem ser conhecida, Neusa foi uma vez que marcou gerações: ela foi dubladora e fez a voz de algumas séries japonesas que fizeram muito sucesso na extinta Rede Manchete (1983-1999).
A estreia de Neusa Maria Faro na televisão foi em 1995, na novela “A Idade da Loba”, esquecida produção da Band em parceria com a rede portuguesa RTP, protagonizada por Betty Faria, Juca de Oliveira e Ângela Vieira. Seu papel era pequeno, a batalhadora Dira. A trama foi dirigida por Jayme Monjardim, então vindo de novelas de sucesso como “Pantanal” (1990) e “A História de Ana Raio e Zé Trovão” (1991).
A demora se deve pela sua dedicação ao teatro. Quando começou no gênero mais popular da TV, ela já havia feito 21 peças. Sua única participação na TV, até então, foi no Teleteatro, programa da TV Cultura dos anos 1970 que emulada montagens teatrais para o público da emissora educativa.
Sua passagem mais curiosa da vida profissional vem nos anos 1980. Durante um curto período na segunda metade daquele ano, Neusa Maria Faro passou a fazer trabalhos como dubladora para o extinto estúdio Álamo, um dos mais importantes do Brasil até então.
Ela fez três trabalhos, todos eles ligados à cultura japonesa, o que a faz ser querida até os dias de hoje pela extensa comunidade de fãs de produtos nipônicos.
A mais lembrada até hoje é a dublagem da vilã Kilmaza, da série “Jaspion” (1985), que fez enorme sucesso na Manchete no fim dos anos 1980. Ela também fez vozes de apoio para a versão brasileira de “Changeman” (1985), outro fenômeno da antiga emissora de Adolpho Bloch (1908-1995). Ela também fez vozes do anime “Zillion” (1988), mostrado por Globo e TV Gazeta de São Paulo no Brasil.
Logo após a sua estreia, ela emendou trabalhos na TV. Sua parceria com o autor Walcyr Carrasco ficou reconhecida pelo público. O início dela foi no SBT, em “Fascinação” (1998). Depois, teve seu papel mais marcante em “Alma Gêmea” (2005), onde interpretou Divina.
Sua história ficou marcada pelo clássico bordão “Oswaldo, não fale assim com a mamãe”. Oswaldo (Fúlvio Stefanini) era rude com a sogra Ofélia (Nicette Bruno), e Divina defendia sua mãe assim que ela se queixava.
Posteriormente, atuou em “O Profeta” (2006), “Caras e Bocas” (2008), “Cama de Gato” (2010), “Morde e Assopra” (2011), “A Vida da Gente” (2012), “Gabriela” (2012) e “Amor à Vida” (2013). Sua última novela foi “Eta Mundo Bom!” (2016)”, onde fez uma rápida participação especial.
A causa da morte de Neusa Maria Faro não foi confirmada. Nas redes sociais, amigos confirmaram que ela estava internada desde junho por conta de complicações por causa de trombose e se despediram da veterana do teatro e televisão.
GABRIEL VAQUER / Folhapress