SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Com estimativa de adicionar US$ 60 milhões (R$ 337 milhões) à economia da cidade em apenas uma semana, São Paulo tenta assegurar que a partida da NFL (National Football League, a liga profissional de futebol americano) não seja um caso isolado.
Na próxima sexta-feira (6), Philadelphia Eagles e Green Bay Packers se enfrentam na Neo Química Arena, em Itaquera, pela rodada inaugural da temporada 2024. É a primeira vez que a liga realiza um jogo no hemisfério sul. Os 42 mil ingressos se esgotaram uma hora e 15 minutos após o início das vendas.
“Nunca um evento global da NFL foi vendido de forma tão rápida”, afirma Gustavo Pires, presidente SPTuris, empresa de turismo de capital aberto que tem como maior acionista a Prefeitura de São Paulo.
Segundo Pires, a ideia é negociar com a liga um contrato de cinco anos.
“Queremos tentar a vinda de dois jogos de temporada regular para cá a partir de 2026 ou 2027”, completa.
Embora afirme que os números precisos só estarão disponíveis após o evento, a Prefeitura estima que serão cerca de dez mil estrangeiros na cidade para a partida, sendo sete mil americanos. Caso o dado se confirme, será a maior locomoção de turistas dos Estados Unidos para o Brasil para a realização de evento de apenas um dia. A Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 duraram entre duas semanas e um mês.
Companhias aéreas que operam rotas entre Estados Unidos e São Paulo registraram aumento de 133% na emissão de passagens em setembro deste ano em relação ao mesmo período de 2023. A expectativa é a geração de 5.000 empregos diretos e indiretos.
“Teremos dados mais concretos após o evento, mas a procura por hotéis está muito acima do que estava entre agosto e setembro de 2023. Acreditamos que será usada 80% da capacidade”, diz o executivo.
Apenas entre o estafe da NFL, jogadores, funcionários das equipes, dirigentes, executivos da liga e patrocinadores serão cerca de mil pessoas que vão ocupar toda a capacidade de nove dos principais hotéis de luxo da capital.
O Brasil faz parte da expansão da liga de futebol americano por ser o segundo maior mercado consumidor do esporte fora dos Estados Unidos. Perde apenas para o México. Para receber a partida, São Paulo superou a concorrência do Rio de Janeiro, Madri e Barcelona. Além de oferecer a estrutura pedida, a prefeitura se comprometeu a fazer eventos gratuitos ligados ao esporte.
Será aberta a NFL Experience entre os dias 6 e 8 deste mês no Parque Villa-Lobos, no Alto de Pinheiros, zona oeste. A promessa é ser uma fan fest em que a liga poderá fazer ativações de marcas e oferecer ao público a chance de tomar contato com o esporte, ver o troféu do Super Bowl (como é chamado o final do torneio) e os anéis dados a cada atleta que conquista o título. Mesmo times que não estão envolvidos no jogo, como Miami Doplhins e New England Patriots, farão festas em que a partida será exibida.
Na Copa de 2014, a seleção americana havia ficado hospedada em São Paulo, então dirigentes do país já conheciam e tinham contato com órgãos de segurança da cidade.
A NFL é a liga esportiva mais rica do mundo. Nos Estados Unidos, ela movimenta US$ 12 bilhões (R$ 67,8 bilhões pela cotação atual) por ano.
Apenas o evento do draft, em que as equipes escolhem novos jogadores que estão saindo das universidades, realizado por três dias em julho deste ano, levou US$ 213 milhões (R$ 1,2 bi) para a economia de Detroit. O impacto do Super Bowl em Las Vegas, onde aconteceu a final em 2024, foi de US$ 1,1 bilhão (R$ 6,2 bi).
Vencer a concorrência pela NFL faz com que o poder público pense em outros eventos esportivos de porte que possam movimentar a economia local. São Paulo prepara caderno de encargos para ser sede do Jogos Pan-Americanos de 2031. Há negociações para a realização de uma prova da Nascar (o stock car americano) em Interlagos.
“Estamos a uma arena de trazer a NBA. Talvez esta seja venha com a concessão do Anhembi. É um turismo que vale muito a pena”, finaliza Pires.
ALEX SABINO / Folhapress