Nicolas Sarkozy terá de usar tornozeleira eletrônica após condenação por corrupção

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Justiça da França rejeitou nesta quarta-feira (18) um recurso apresentado pela defesa do ex-presidente Nicolas Sarkozy no caso em que ele foi condenado por corrupção e tráfico de influência. O ex-líder francês terá de usar tornozeleira eletrônica durante um ano, mas não ficará recluso.

A equipe de Sarkozy havia apelado contra a condenação, que ocorreu em 2021. Patrice Spinosi, advogado do ex-presidente, disse que agora pretende acionar a Corte Europeia de Direitos Humanos para contestar a decisão. À agência AFP ele afirmou que se trata de um “dia triste” na história da Justiça francesa.

“A contestação que levaremos à Corte Europeia de Direitos Humanos pode, infelizmente, levar a uma condenação contra a França”, escreveu Sarkozy no X. “Quero afirmar mais uma vez que sou inocente.”

Na primeira condenação Sarkozy recebeu uma sentença de três anos de prisão, dois dos quais suspensos pelo tribunal. Como sua defesa também recorreu na época, a pena não precisou ser cumprida. O terceiro ano poderá ser cumprido pelo uso da tornozeleira eletrônica, sem a necessidade de ir para um presídio.

A investigação apontou que o antigo partido do ex-presidente, o União por um Movimento Popular, que se tornou o Republicanos, e a agência de comunicação Bygmalion apresentaram notas frias durante a campanha de 2012 para esconder que as contas extrapolaram o limite legal estabelecido.

A França estabelece limites estritos aos gastos de campanha. Os promotores afirmam que Sarkozy gastou EUR 42,8 milhões na campanha daquele ano, quase o dobro do montante permitido.

O ex-presidente sempre negou as acusações. Durante audiência, ele chegou a culpar integrantes da sua equipe de campanha: “Não escolhi nenhum fornecedor, não assinei nenhum orçamento, nenhuma fatura.”

Depois, o ex-presidente foi considerado culpado de tentar subornar um juiz em troca de informações sobre a investigação. Sarkozy e seu advogado, Thierry Herzog, teriam selado um “pacto de corrupção”, em 2014, com Gilbert Azibert, um dos magistrados da Corte de Cassação, o mais alto tribunal francês.

O tribunal concluiu que Sarkozy agiu para garantir um emprego em Mônaco ao juiz. O objetivo era que Azibert tentasse influenciar os demais magistrados em relação a um recurso que Sarkozy havia apresentado. Azibert também foi condenado por corrupção e tráfico de influência.

Trata-se da primeira sentença definitiva para Sarkozy, 69, que foi presidente de 2007 a 2012. Sarkozy perdeu a reeleição em 2012 para o socialista François Hollande. Após deixar a Presidência naquele ano, continuou a ser uma figura influente entre os conservadores, e mantém relações amigáveis com o atual líder do Executivo, Emmanuel Macron.

Ele chegou a disputar as primárias presidenciais em 2016, mas teve votação baixa e disse que se retiraria da política depois disso.

Sarkozy foi o primeiro presidente na história da França condenado por um caso de corrupção que aconteceu durante seu mandato. Antecessor e um dos padrinhos políticos de Sarkozy, Jacques Chirac (1995-2007) também foi condenado por corrupção, mas o caso era relativo a irregularidades cometidas quando ele era prefeito de Paris, não ocupante do Palácio do Eliseu.

Os promotores acusaram Sarkozy de tráfico de influência enquanto investigavam outra acusação, a de que ele teria recebido recursos da ditadura líbia de Muammar Gaddafi para financiar a campanha eleitoral de 2007. Se condenado nesse caso, o ex-presidente poderá pegar até 10 anos de prisão.

Redação / Folhapress

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