SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Nina Pandolfo recebe o público com os olhos. Quem for à galeria paulistana Zipper ver a exposição “Suplementos”, a primeira da artista no Brasil em quase dez anos, vai se deparar com cores vibrantes, estampas, pequenos animais distribuídos por todos os cantos e garotas de olhos grandes e cílios alongados, elementos que se tornaram sua marca registrada e trouxeram reconhecimento internacional aos seus trabalhos.
Vai se deparar também com um otimismo inabalável, presente mesmo em seus trabalhos mais críticos. O nome da exposição conversa com sua alegria convicta. Pandolfo quer fazer arte vitamínica, que fortaleça e traga esperança.
“Os suplementos trazem força e suplementam as necessidades que temos para nossa vida ficar melhor”, afirma Pandolfo. “E a exposição é justamente isso, é feita para trazer qualidade de vida para o nosso interior”.
Pandolfo vê o ser humano como um animal tripartite. “Somos espírito, corpo e alma. Geralmente a gente cuida da alma, que é a vontade, o desejo. Cuidamos mais ou menos do corpo, dormimos pouco, não nos alimentamos direito. Mas a gente deixa de alimentar o espírito, então a gente sai do equilíbrio.”
A arte seria uma forma de recuperar esse equilíbrio, e Pandolfo quer nutrir seu público com ingredientes selecionados com zelo. Esperança, amizade e imaginação estão por trás de cada obra.
“Suplementos” não foi pensada apenas para as crianças, mas reúne elementos que, como o próprio estilo lúdico da artista, podem cativar os pequenos. Em quase todas as telas, ela escondeu ao menos uma borboleta ou uma abelha, detalhes que estimulam visitantes a caçar os tesouros.
A mostra ainda conta com duas pinturas interativas, que ganham movimento pelas lentes dos celulares, e uma sala imersiva, em que a paisagem de uma pintura ultrapassa a restrição da moldura para preencher o ambiente.
É também com os celulares que o público acessa as explicações das obras. Pandolfo quis trazer para essa exibição seus trejeitos, sua voz, seu jeito de se expressar. Por isso, os visitantes poderão acessar vídeos em que ela apresenta as ideias por trás de cada uma das peças, que devem ser publicados depois do fim da exposição.
DIOGO BACHEGA / Folhapress