No The Town, Foo Fighters faz show entre a euforia e o tédio

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Foo Fighters subiu ao palco Skyline, o principal do The Town, um ano e meio depois de cancelar um show no Brasil. Na ocasião, no mesmo Autódromo de Interlagos, em São Paulo, a banda não tocou no Lollapalooza porque seu baterista, Taylor Hawkins, havia morrido dias antes.

A ausência do músico, substituído pelo roqueiro veterano Josh Freese, foi sentida no show principal deste sábado (9) no The Town. Cartazes com seu nome foram levantados pela plateia, e ele foi homenageado em “Aurora”, sua música favorita da banda.

“Nos divertimos muito no Brasil”, disse o vocalista Dave Grohl antes da performance, já no fim do show. Os brasileiros gritaram o nome de Hawkins, celebrado em mensagens na plateia.

Mas as lembranças não transformaram a apresentação num velório –muito pelo contrário. Incorporando maneirismos do rock clássico de arena, o Foo Fighters fez pular e cantar uma plateia abarrotada, e recheada de fãs.

Esses momentos de euforia foram entremeados com outros de tédio, quando a banda arrastou as performances com solos e jams. Quase todas as músicas foram acrescidas de riffs, citações a outras músicas e momentos de improviso.

O Autódromo neste sábado estava tomado por pessoas com camisetas da banda. Essa mobilização do público foi maior do que para qualquer outra atração do The Town, num dia dedicado ao rock, gênero cada vez menos presente nesses mega festivais.

Sufocada por estruturas de marcas, a plateia no Skyline ficou bastante espremida, algo que já havia acontecido no show de Bruno Mars, no domingo anterior. A sensação de superlotação gerou algumas brigas por espaço e pessoas saíram passando mal.

No palco, Dave Grohl e sua trupe provaram porque há anos lotam estádios e encabeçam grandes festivais no Brasil. Emendaram sequências indefectíveis como a inicial, com os hits “All My Life” e “The Pretender”.

A banda alternou sucessos com músicas mais novas. Tocou “No Son of Mine”, em que Grohl tocou riffs de clássicos do rock como “Paranoid”, do Black Sabbath, e “Enter Sandman”, do Metallica, seguida de “Learn to Fly”, hit dos anos 2000.

O último álbum, “But Here We Are”, lançado este ano, teve “Rescued”, logo antes de outro hit de rádio, “Walk”, este da década de 2010. Foi assim também com o single “Run”, de 2017, logo depois de duas da fase mais popular da banda, “Times Like These” e “Breakout”.

Dave Grohl é conhecido por ser um boa praça, e ele levou essa postura ao palco. Disse que os brasileiros eram um público diferenciado e que gosta de shows grandes como o do The Town.

Apresentou um a um todos os integrantes da banda e chamou Freese, o novo baterista, com passagens por Nine Inch Nails, Offspring e Tool, de a pessoa responsável por esse show acontecer. “Ele tocou em todas as bandas do nos últimos 30 anos”, disse.

No The Town, Freese se mostrou entrosado com os companheiros, foi preciso e mostrou suas credenciais na bateria. Ainda assim, sem Hawkins, o Foo Fighters perde mais que um baterista e vocalista, mas o que era seu integrante mais carismático, junto a Grohl, no palco.

Entre sucessos, caso de “My Hero”, singles recentes, como “The Sky is a Neighbourhood”, e pérolas antigas, como “This is a Call”, o Foo Fighters aproveitou todas as oportunidades que teve para tirar o pé do acelerador. As sessões de improviso foram tão arrastadas que, por volta de 0h30 de domingo (10) já era possível ver pessoas saindo do show.

Ainda houve espaço para “Shame Shame”, “These Days” e “Generator”, antes de “Aurora”. Em “The Glass”, nova, já na sequência final, o movimento de gente indo embora ficou mais intenso.

Quem ficou até depois de 1h da manhã, ainda uma plateia de dezenas de milhares, pegou mais uma sequência matadora, com “Monkeywrench” e “Best of You”. A primeira fez a plateia pular e a segunda evocou dela o coro em uníssono.

Grohl ainda saudou o Yeah Yeah Yeahs, que tocou no mesmo palco horas antes, e agradeceu quem ficou até o fim antes de puxar a derradeira, “Everlong”, devidamente berrada pelo público do The Town.

LUCAS BRÊDA / Folhapress

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