SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Apesar de ser conhecido como uma pessoa que consumia pouca bebida alcoólica, o ex-presidente dos Estados Unidos Jimmy Carter foi chamado de herói pela Associação Americana de Produtores Caseiros de Cerveja (American Homebrewers Association).
A homenagem foi feita depois da morte de Carter neste domingo (29), aos 100 anos. Ele faleceu em sua casa em Plains, no estado da Geórgia, segundo comunicado do Carter Center, o instituto que leva seu nome.
Em um texto, a associação explica que Carter promulgou a lei H.R. 1337, de 1978, isentando de tributos a produção de cerveja feita em casa para uso pessoal ou familiar.
Na época, a indústria de bebidas alcoólicas dos Estados Unidos enfrentava um cenário difícil pós-Lei Seca -legislação que proibiu a produção, venda e transporte deste produto no país entre 1920 e 1933.
Mesmo após sua revogação, esses produtores permaneceram em um cenário complicado. As novas regulamentações impostas favoreciam os grandes fabricantes da bebida e excluíam os pequenos produtores. Como consequência, o número total de fabricantes artesanais de cerveja caiu de 669 para 331 entre a década de 1920 e 1930, e chegou a 90 no final da década de 1970, segundo dados da American Homebrewers Association.
Em 1978, a legislação promulgada por Carter permitiu a produção da bebida até 100 galões por adulto ou 200 galões por domicílio anualmente. Além disso, isentava de tributação essa fabricação para consumo próprio.
A partir de então, a indústria cervejeira artesanal teve um impulso -cerca de 90% dos produtores de cerveja artesanal começaram fazendo a bebida em suas casas, afirma a American Homebrewers Association. Atualmente, a produção artesanal representa 13,1% do mercado cervejeiro.
“Sabemos que não teríamos o mercado de cervejas artesanais sem a produção caseira da bebida. Não teríamos a produção caseira de cerveja se não tivéssemos sua legalização. O papel de Carter foi extremamente importante nisso”, disse Theresa McCulla, curadora do Museu Nacional de História Americana, ao Wall Street Journal.
BÁRBARA GIOVANI / Folhapress