Nobel de Economia não é um Prêmio Nobel

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Popularmente chamado de Nobel de Economia e com o mesmo prestígio que os de outras áreas, o prêmio de ciências econômicas é o único que não fez parte do testamento de Alfred Nobel (1833-1896), um engenheiro e químico sueco, conhecido por ter inventado a dinamite e desenvolvido a borracha e o couro sintéticos.

Um ano antes de morrer, Nobel destinou 94% de sua fortuna de 31 milhões de coroas suecas (equivalentes a mais de R$ 1 bilhão nos dias de hoje) à criação de um prêmio que reconhecesse anualmente “o maior benefício à humanidade” nas áreas da química, física, medicina, literatura e paz.

Criado em 1968 pelo Banco Central da Suécia (Sveriges Riksbank), o prêmio de economia tem o nome oficial de Prêmio Sveriges Riksbank em Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel.

É concedido pela Real Academia Sueca de Ciências, de acordo com os mesmos princípios dos Prêmios Nobel originais, que são atribuídos desde 1901.

A candidatura é feita apenas por convite e, por regulamento, os nomes dos indicados e outras informações sobre as indicações não podem ser revelados até 50 anos depois.

Podem indicar nomes para o Nobel econômico membros da Real Academia de Ciências da Suécia, do comitê do prêmio, ex-premiados, acadêmicos escandinavos e de pelo menos outras seis instituições selecionadas a cada ano e outros cientistas de quem a Academia de Ciências considere adequado solicitar propostas.

O premiado é escolhido pela Academia de Ciências, a partir das recomendações do Comitê do Prêmio de Ciências Econômicas, composto por cinco membros.

O prêmio é de 11 milhões de coroas suecas, cerca de R$ 5 milhões, além de uma medalha projetada pelo escultor sueco Gunvor Svensson-Lundqvist e um diploma.

SÓ TRÊS MULHERES RECEBERAM O NOBEL DE ECONOMIA

Desde que o prêmio de economia passou a ser concedido, em 1969, só três mulheres foram premiadas. A terceira foi a vencedora deste ano, a economista americana Claudia Goldin, 77, por suas pesquisas sobre mulheres no mercado de trabalho.

A economista Esther Duflo, pesquisadora do MIT (Massachusetts Institute of Technology), recebeu em 2019 a láurea com seu marido Abhijit Banerjee, também do MIT, e com o Michael Kremer, da Universidade Harvard. Dez anos antes, Elinor Ostrom, da Universidade de Indiana, havia se tornado a primeira mulher a receber o prêmio, dividido com Oliver Williamson, da Universidade da Califórnia em Berkeley.

Duflo foi também a mais jovem premiada da história do Nobel de Economia: tinha 46 anos. O americano Leonid Hurwicz, um dos três laureados em 2007, foi o mais velho a receber o prêmio, aos 90 anos.

Universidades e economistas americanos são três quartos dos 92 premiados de 1969 a 2022: 70 dos que receberam o Nobel de Economia eram pesquisadores americanos, alguns deles com dupla nacionalidade. A segunda nação com maior número de laureados é o Reino Unido, com 10 (alguns também com dupla nacionalidade), seguido, pela França, com 4, e pela Noruega, pela Holanda e por Israel, com 3.

Também receberam o Nobel dois suecos, dois indianos e dois americanos nascidos no Canadá. Rússia, Finlândia, Polônia, Áustria, Alemanha, Itália, Hungria e Chipre têm um economista premiado.

Nas 52 edições do prêmio econômico entre 1969 e 2020, a láurea foi dividida por dois economistas 20 vezes, e em sete anos teve três premiados.

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RELEMBRE OS VENCEDORES DO PRÊMIO DE ECONOMIA

2023 – Claudia Goldin, por suas pesquisas sobre mulheres no mercado de trabalho.

2022 – Ben Bernanke, Douglas Diamond e Philip Dybvig, por suas pesquisas sobre o setor bancário e as crises financeiras.

2021 – David Card (Canadá e EUA), Joshua D. Angrist (Israel e EUA) e Guido W. Imbens (Holanda); Card “por suas contribuições empíricas à economia do trabalho”, e Angrist e Imbens, “por suas contribuições metodológicas para a análise das relações causais”.

2020 – Paul Milgron e Robert Wilson (EUA), “por melhorias na teoria do leilão e invenções de novos formatos de leilão”

2019 – Abhijit Banerjee (Índia e EUA), Esther Duflo (França e EUA) e Michael Kremer (EUA), “por sua abordagem experimental para aliviar a pobreza global”

2018 – William Nordhaus e Paul Romer (EUA), por revelarem fatores que impulsionam o crescimento sustentável e o papel de políticas públicas na determinação de seu impacto

2017 – Richard H. Thaler (EUA), por estudo do comportamento na tomada de decisões

2016 – Oliver Hart (Reino Unido e EUA) e Bengt Holmström (Finlândia), por estudos na área de contratos

2015 – Angus Deaton (Reino Unido e EUA), por estudos sobre consumo, pobreza e bem-estar social

2014 – Jean Tirole (França), devido a pesquisas sobre o poder de mercado de grandes empresas

2013 – Eugene Fama, Robert Shiller e Lars Peter Hansen (todos dos EUA), por estudos de análise sobre preços de ativos

2012 – Alvin Roth e Lloyd Shapley (ambos dos EUA), por trabalhos sobre como otimizar oferta e demanda

2011 – Thomas J. Sargent e Christopher A. Sims (ambos dos EUA), por pesquisa sobre causas e efeitos na macroeconomia

2010 – Christopher Pissarides (Chipre) e Peter Diamond e Dale T. Mortensen (ambos dos EUA), por estudos sobre demandas dos mercados e a dificuldade em correspondê-las

2009 – Elinor Ostrom e Oliver Williamson (EUA), pela demonstração de como propriedades podem ser utilizadas por associações de usuários e pela teoria sobre resolução de conflitos entre corporações, respectivamente

2008 – Paul Krugman (EUA), pela análise dos padrões do comércio e da localização da atividade econômica

2007 – Leonid Hurwicz (Polônia e EUA), Eric S. Maskin e Roger B. Myerson (ambos dos EUA), pela aplicação das bases da teoria do desenho dos mecanismos

2006 – Edmund S. Phelps (EUA), “por sua análise dos tradeoffs intertemporais na política macroeconômica”

2005 – Robert J. Aumann (Israel e EUA) e Thomas C. Schelling (EUA), por estudos sobre conflito e cooperação em negociações por meio da análise da teoria dos jogos

2004 – Finn E. Kydland (Noruega) e Edward C. Prescott (EUA), por pesquisa sobre o desenvolvimento da teoria da macroeconomia dinâmica e seus estudos sobre os ciclos de negócios

2003 – Robert F. Engle 3º (EUA) e Clive W.J. Granger (Reino Unido), “por métodos de análise de séries de tempo econômicas”

2002 – Daniel Kahneman (EUA e Israel) e Vernon L. Smith (EUA), “por ter integrado insights da pesquisa psicológica na ciência econômica, especialmente em relação ao julgamento humano e tomada de decisão sob incerteza”, no caso de Kahneman, e “por ter estabelecido experimentos de laboratório como ferramenta de análise econômica empírica, especialmente no estudo de mecanismos alternativos de mercado”, no caso de Smith.

2001 – George A. Akerlof, A. Michael Spence e Joseph E. Stiglitz (todos dos EUA), “por suas análises de mercados com informações assimétricas”

2000 – James J. Heckman (EUA) e Daniel L. McFadden (EUA), “por seu desenvolvimento de teoria e métodos para analisar” amostras seletivas, no caso de Heckman, e escolha discreta, no caso de McFadden

1999 – Robert A. Mundell (Canadá), “por sua análise da política monetária e fiscal sob diferentes regimes de taxas de câmbio e sua análise das áreas monetárias ótimas”

1998 – Amartya Sen (Índia), “por suas contribuições para a economia do bem-estar”

1997 – Robert C. Merton e Myron S. Scholes (ambos dos EUA), “por um novo método para determinar o valor dos derivados”

1996 – James A. Mirrlees (Reino Unido) e William Vickrey (EUA), “por suas contribuições fundamentais para a teoria econômica de incentivos sob informação assimétrica”

1995 – Robert E. Lucas Jr. (EUA), “por ter desenvolvido e aplicado a hipótese de expectativas racionais, e com isso ter transformado a análise macroeconômica e aprofundado nosso entendimento da política econômica”

1994 – John C. Harsanyi (EUA), John F. Nash Jr. (EUA) e Reinhard Selten (Alemanha), “por sua análise pioneira de equilíbrios na teoria dos jogos não cooperativos”

1993 – Robert W. Fogel e Douglass C. North (EUA), “por terem renovado a pesquisa em história econômica aplicando a teoria econômica e métodos quantitativos a fim de explicar a mudança econômica e institucional”

1992 – Gary S. Becker (EUA), “por ter estendido o domínio da análise microeconômica a uma ampla gama de comportamento e interação humana, incluindo comportamento fora do mercado”

1991 – Ronald H. Coase (Reino Unido), “por sua descoberta e esclarecimento da importância dos custos de transação e direitos de propriedade para a estrutura institucional e funcionamento da economia”

1990 – Harry M. Markowitz, Merton H. Miller e William F. Sharpe (EUA), “por seu trabalho pioneiro na teoria da economia financeira”

1989 – Trygve Haavelmo (Noruega), “por seu esclarecimento sobre os fundamentos da teoria da probabilidade da econometria e suas análises de estruturas econômicas simultâneas”

1988 – Maurice Allais (França), “por suas contribuições pioneiras à teoria dos mercados e utilização eficiente dos recursos”

1987 – Robert M. Solow (EUA), “por suas contribuições para a teoria do crescimento econômico”

1986 – James M. Buchanan Jr. (EUA) – “por seu desenvolvimento das bases contratuais e constitucionais para a teoria da tomada de decisão econômica e política”

1985 – Franco Modigliani (Itália e EUA), “por suas análises pioneiras da poupança e dos mercados financeiros”

1984 – Richard Stone (Reino Unido), “por ter feito contribuições fundamentais para o desenvolvimento de sistemas de contas nacionais e, portanto, melhorado muito a base para a análise econômica empírica”

1983 – Gerard Debreu (França e EUA), “por ter incorporado novos métodos analíticos à teoria econômica e por sua reformulação rigorosa da teoria do equilíbrio geral”

1982 – George J. Stigler (EUA), “por seus estudos seminais de estruturas industriais, funcionamento dos mercados e causas e efeitos da regulação pública”

1981 – James Tobin (EUA), “por sua análise dos mercados financeiros e suas relações com as decisões de despesas, emprego, produção e preços”

1980 – Lawrence R. Klein (EUA), “para a criação de modelos econométricos e a aplicação à análise de flutuações econômicas e políticas econômicas”

1979 – Theodore W. Schultz (EUA) e Sir Arthur Lewis (Santa Lúcia/Reino Unido), “por sua pesquisa pioneira em pesquisa de desenvolvimento econômico, com particular consideração dos problemas dos países em desenvolvimento”

1978 – Herbert A. Simon (EUA), “por sua pesquisa pioneira no processo de tomada de decisão em organizações econômicas”

1977 – Bertil Ohlin (Suécia) e James E. Meade (Reino Unido), “por sua contribuição inovadora à teoria do comércio internacional e dos movimentos internacionais de capital”

1976 – Milton Friedman (EUA), “por suas realizações nos campos da análise do consumo, história e teoria monetária e por sua demonstração da complexidade da política de estabilização”

1975 – Leonid Vitaliyevoch Kantorovich (Rússia) e Tjalling C. Koopmans (|Holanda e EUA), “por suas contribuições para a teoria da alocação ótima de recursos”

1974 – Gunnar Myrdal (Suécia) e Friedrich August von Hayek (Áustria e Reino Unido), “por seu trabalho pioneiro na teoria do dinheiro e das flutuações econômicas e por sua análise penetrante da interdependência dos fenômenos econômicos, sociais e institucionais”

1973 – Wassily Leontief (EUA), “pelo desenvolvimento do método de insumo-produto e por sua aplicação a problemas econômicos importantes”

1972 – John R. Hicks (Reino Unido) e Kenneth J. Arrow (EUA), “por suas contribuições pioneiras à teoria do equilíbrio econômico geral e à teoria do bem-estar”

1971 – Simon Kuznets (EUA), “por sua interpretação empiricamente fundada do crescimento econômico que levou a uma visão nova e aprofundada da estrutura econômica e social e do processo de desenvolvimento”

1970 – Paul A. Samuelson (EUA), “pelo trabalho científico através do qual desenvolveu uma teoria econômica estática e dinâmica e contribuiu ativamente para elevar o nível de análise na ciência econômica”

1969 – Ragnar Frisch (Noruega) e Jan Tinbergen (Holanda), “por terem desenvolvido e aplicado modelos dinâmicos para a análise dos processos econômicos”

Redação / Folhapress

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