PARATY, RJ (FOLHAPRESS) – A sul-coreana Han Kang venceu o prêmio Nobel de Literatura de 2024.
O anúncio foi feito na manhã desta quinta-feira pela Academia Sueca, comitê responsável pela seleção do maior reconhecimento literário do mundo.
Kang é publicada no Brasil pela Todavia, que também havia apostado corretamente na vencedora de 2018, Olga Tokarczuk. Seu livro mais conhecido é “A Vegetariana”, que explora até as últimas consequências o desequilíbrio de uma mulher que decide deixar de comer carne.
A autora de 53 anos também publicou “Atos Humanos”, sobre as consequências de um ato brutal de violência do Exército contra um levante estudantil em Gwangju, e “O Livro Branco”, sobre uma irmã morta que ela nem chegou a conhecer.
A editora prepara ainda, para 2025, uma publicação inédita da agora nobelizada, cujo título em inglês é “I Do Not Bid Farewell”.
Kang é a primeira escritora da Coreia do Sul a vencer o maior prêmio literário do mundo. O comitê sueco não selecionava um vencedor da Ásia há sete anos, desde Kazuo Ishiguro, autor japonês que fez carreira no Reino Unido.
Nos últimos anos, a escolha recaiu sobre dois europeus, o norueguês Jon Fosse e a francesa Annie Ernaux. Antes, foi reconhecido o tanzaniano Abdulrazak Gurnah e a americana Louise Glück.
A Academia ressaltou que o reconhecimento foi por sua “percepção única das conexões entre corpo e alma, entre os vivos e os mortos, e por seu estilo poético e experimental, que se tornou inovador na prosa contemporânea”.
Sua prosa poética, segundo apontou o Nobel, “confronta traumas históricos e expõe a fragilidade da vida humana”.
Anders Olsson, o presidente do comitê literário, disse que a autora tinha terminado de jantar com o filho quando foi comunicada, por telefone, sobre o prêmio. “Ela estava tendo um dia normal”, disse Mats Malm, secretário permanente da Academia, “não estava preparada para isso”.
De fato, Kang nem passava perto das bolsas de apostas para o prêmio, que tinham suspeitos de sempre como a chinesa Can Xue a mais forte candidata da Ásia até então, o australiano Gerald Murnane, o queniano Ngugi wa Thiong’o e a canadense Anne Carson.
WALTER PORTO E BÁRBARA BLUM / Folhapress