Nobel é historicamente dominado por homens americanos e britânicos

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em quais cidades do mundo você imagina que tenha nascido a maior parte dos ganhadores do prêmio Nobel? Continue pensando.

Enquanto isso, uma dica pode ajudar: os Estados Unidos são disparados os maiores ganhadores de Nobel, com quase três vezes o número de premiados em relação ao segundo lugar, o Reino Unido.

Homens americanos e britânicos, seguidos por alemães, são os mais numerosos entre os ganhadores. O reflexo, nas diversas pesquisas laureadas que fizeram avançar o conhecimento humano, do atraso e desequilíbrio na questão de gênero, algo visto nas mais diversas áreas do dia a dia.

As mulheres americanas também lideram a lista, seguidas pelas francesas e alemãs. Considera-se que só uma britânica tenha sido laureada, Dorothy Crowfoot Hodgkin, que, na verdade, nasceu no Egito.

Apesar das dificuldades, as ganhadoras sempre estiveram por aí. Um dos maiores exemplos foi Marie Curie, que ganhou um Nobel de Física em 1903 e, como se não fosse o suficiente, um de Química em 1911.

O anúncio dos prêmios Nobel deste ano começa na manhã desta segunda-feira (2), com a láurea de medicina. Nos dias seguintes ocorrem os anúncios de física (3) e química (4). Em seguida, literatura (5) e paz (6). Na semana seguinte é a vez do prêmio de economia (9).

A láurea começou a ser concedida em 1901. A premiação teve origem no testamento de Alfred Nobel, inventor da dinamite, que deixou sua fortuna para aqueles que, nas áreas da física, química, medicina, literatura e paz, tivessem promovido os melhores benefícios para a humanidade. O inventor morreu na Itália, em 10 de dezembro de 1896.

As laureadas estão cada vez mais presentes desde a década de 1980 na premiação geral do Nobel –cerca de 69% dos prêmios destinados a elas vieram a partir dessa década. Olhando especificamente para áreas científicas (medicina, física e química), a concentração de premiações para elas nas últimas quatro décadas é mantida, com quase 71% das láureas nesse período.

Foi somente no decorrer das décadas de 1900 que, embora ainda com muitas travas, a presença feminina nas universidades passou a aumentar gradualmente. Antes a situação era bem mais complexa mundo afora.

Em 1885, por exemplo, a Escola de Direito de Yale aceitou a primeira mulher na faculdade. A lenda –que pode ser só uma lenda mesmo– diz que foi sem querer, por olharem as iniciais e pensarem que Alice Rufie Blake Jordan fosse um homem. De toda forma, a abertura completa de Yale só veio no final da década de 1960.

A Universidade Columbia, em Nova York, só abriu completamente as portas para as mulheres em 1983, apesar de vários cursos já as aceitando anteriormente. Em Harvard, a entrada mais ampla na universidade veio na década de 1970, apesar de algumas faculdades terem aberto as portas para mulheres antes, como a faculdade de medicina, em 1945. Em 1972, o chamado “Title IX” (título nove, em tradução livre), lei educacional assinada pelo então presidente Richard Nixon, determinou acesso educacional igualitário para mulheres nos EUA, decretando o banimento de discriminação e segregação na educação baseada em gênero.

Fora dos EUA, a situação não chegava a ser tão diferente. Em 1927, a Universidade de Oxford –com várias instituições anteriores a 1500– colocou uma quota máxima de mulheres na universidade. Em 1974, faculdades totalmente masculinas da universidade britânica, como o Jesus College, passaram a aceitar mulheres. Em 2016, St Benet’s Hall, a última instituição educacional totalmente masculina de Oxford, abriu as portas para mulheres.

No Brasil, formalmente, as primeiras universidades são estruturadas no século 20, mas, logicamente, houve instituições de ensino anteriores.

Na lista de instituições mais premiadas, mais uma vez, destaque total para universidade e institutos americanos, com alguns britânicos completando a lista.

Apesar do predomínio nos dados de países da América do Norte e da Europa, algumas mudanças têm sido observadas, como uma maior presença de premiações do Japão –mais de 70% das láureas japonesas vieram depois de 2000–, o que fez aumentar a fatia de países asiáticos premiados.

Enquanto isso, a presença sul-americana é mais discreta e inconstante. São 11 láureas, com a primeira para a área da medicina, em 1947, para o argentino Bernardo Houssay, “pela descoberta do papel do hormônio da hipófise anterior no metabolismo do açúcar”, segundo a premiação. Houssay trabalhava no Instituto de Biologia y Medicina Experimental (traduzindo: Instituto de Biologia e Medicina Experimental). A instituição recebeu mais um Nobel, dessa vez de química, em 1970.

A láurea mais recente –da paz– foi para o ex-presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, em 2016.

Levando em conta só o país de nascimento dos ganhadores, e não o local de trabalho dos pesquisadores e vencedores, o Brasil tem um nome na lista –mas não o que se imagina ao se pensar em um nome latino-americano: Peter Medawar, ganhador do Nobel de medicina em 1960 pela descoberta da tolerância imunológica, nasceu em Petrópolis (RJ), mas teve sua formação superior e atuação no Reino Unido.

Finalmente: quais cidades concentram os ganhadores de Nobel?

Seguindo a lógica dos países mais premiados, algumas de suas principais cidades estão lá: Nova York, Paris e Londres lideram. Mas lista de locais se espalha e pinga em centenas de cidades, muitas delas com um único ilustre laureado.

PHILLIPPE WATANABE E GUSTAVO QUEIROLO / Folhapress

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