Novas parcerias com China abrangem infraestrutura, tecnologia e finanças, diz Galípolo

PEQUIM, CHINA (FOLHAPRESS) – O diretor de política monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta quinta-feira (17), no intervalo de reuniões com negociadores chineses em Pequim, que parcerias “de vários temas” estão sendo fechadas para anúncio durante a visita de Estado do líder Xi Jinping a Brasília, daqui a um mês.

Citou, como áreas, “infraestrutura, tecnologia e a área financeira”. O presidente Lula pediu “que o BC acompanhasse a financeira”, acrescentou Galípolo, que deve assumir como presidente da instituição no ano que vem.

Ele chegou à capital chinesa na quarta, um dia depois dos outros integrantes da delegação brasileira, encabeçada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, e que inclui também o assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim.

Como a visita de Xi marca o cinquentenário das relações diplomáticas, completados em agosto sem programação institucional de peso, Lula quer garantir resultados concretos e uma cúpula bem-sucedida no dia 20 de novembro, segundo uma assessora da comitiva.

O presidente brasileiro mobilizou também a ex-presidente Dilma Rousseff, hoje no comando do Novo Banco de Desenvolvimento (Banco do Brics), em Xangai. Ela viajou a Pequim e participou da reunião da delegação nesta quinta, com o secretário-geral do Conselho de Estado, o gabinete chinês, Wu Zhenglong.

Estavam programadas mais duas reuniões com os negociadores, na noite de quinta e na manhã de sexta. A série de encontros termina na própria sexta, com a delegação sendo recebida pelo chanceler Wang Yi, também diretor do Escritório para Assuntos Estrangeiros do Comitê Central do Partido Comunista.

Segundo a assessora, as parcerias só devem ser divulgadas durante a visita de Xi. “Eu não conto”, brincou Dilma, ao ser abordada na entrada de outra reunião.

A grande expectativa é quanto à entrada do Brasil na Iniciativa Cinturão e Rota, o programa chinês para viabilizar infraestrutura no exterior. Lula tem indicado adesão, em diversos pronunciamentos públicos, mas insiste em obter investimentos, destacando a área de tecnologia.

Questões mais específicas também estão sendo tratadas. Existe uma pressão do governo brasileiro, que vem desde o ano passado, para que companhias aéreas chinesas voltem a comprar aparelhos da Embraer, até o momento sem sucesso.

E neste mês de outubro, paralelamente às negociações finais para a visita de Xi, a brasileira Total Linhas Aéreas anunciou viagem a Pequim para supostamente adquirir aviões da chinesa Comac, inclusive o C919, concorrente do Boeing 737 e do Airbus A320.

Outro foco de pressão, segundo fontes diplomáticas, é a ponte Salvador-Itaparica, de interesse do próprio Rui Costa, ex-governador da Bahia. O contrato com uma empresa para a construção, assinado há quatro anos, passou por revisão e não sai do papel desde então desde 2020.

Ao menos um integrante da delegação disse ser ligado ao atual governo baiano, que tem outros projetos com Pequim, como a fábrica da chinesa BYD, que deve iniciar produção de carros neste fim de ano.

NELSON DE SÁ / Folhapress

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