SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O bolsão de estacionamento criado sob o Elevado Presidente João Goulart, o Minhocão, no centro de São Paulo, começou a funcionar há uma semana em caráter experimental. O espaço conta com quatro vagas, mas a falta de sinalização e estrutura resulta em queixas de trabalhadores, comerciantes e frequentadores da região.
A obra, idealizada pelo vice-prefeito, coronel Mello Araújo (PL), foi iniciada no dia 28 de abril e concluída no dia seguinte. Porém, até a última quinta-feira (8), o local não tinha placas com orientação sobre regras de uso do espaço.
“Não tem sinalização na rua, não tem placa de Zona Azul, não tem nada”, afirmou Fábio Carvalho, 46, recepcionista de um prédio próximo às novas vagas. Segundo ele, veículos estavam parados no local havia quatro dias.
O diretor de teatro Pedro Granato, que na última quinta testou as novas vagas, mostrou preocupação com os efeitos da obra na ciclovia existente sob o elevado. “O espaço foi reduzido e não se colocou nenhum gradil. Então, se eu estiver andando de bicicleta aqui, aparecer uma pessoa e eu precisar desviar, não tem para onde ir, ou seja, acaba empurrando a bicicleta para o Minhocão ou para cima dos carros”
Em nota, a gestão Ricardo Nunes (MDB) disse que o bolsão tem caráter experimental. Segundo a CET, a iniciativa visa avaliar a viabilidade do projeto, razão pela qual foi implementado apenas em um trecho. A nota, no entanto, não esclareceu pontos específicos questionados, como possível regulamentação como Zona Azul, sinalização, tempo de permanência, fiscalização, critérios de avaliação ou a falta de comunicação com moradores e comerciantes.
O vice-prefeito disse que o objetivo da obra é combater o acúmulo de lixo no canteiro da avenida. Em relação a esse ponto, Gabriel Santos, 24, que trabalha há seis anos na região, afirmou ter notado diferença. “Tinha muito lixo mesmo, ficou melhor para passar ali.”
O médico-veterinário João Grandini disse ver a iniciativa como um primeiro passo para melhorar a segurança da região. “Poderia se pensar em outras coisas, mas o estacionamento é uma coisa válida a princípio. Custo baixo, carro entrando e saindo. Vai ter policiamento porque tem uma propriedade.”
A instalação do bolsão tem gerado debates e críticas por parte da oposição à gestão Nunes e de especialistas em urbanismo.
Na tarde do último dia 5, a Câmara Municipal fez uma audiência pública para discutir o tema. Durante o encontro, foi cogitada a apresentação de um projeto de emenda à Lei Orgânica do Município, com o objetivo de viabilizar a realização de um plebiscito sobre a medida.
Também foram propostas, no decorrer da audiência, a realização de uma reunião com o prefeito e a coleta de assinaturas para um abaixo-assinado.
PÂMELA ZACARIAS / Folhapress
