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Novo governo da Alemanha anuncia que vai rejeitar refugiados na fronteira

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O novo governo da Alemanha, empossado oficialmente na terça (6), anunciou nesta quarta-feira (7) que vai começar a rejeitar a entrada de refugiados nas fronteiras do país, uma das primeiras medidas do primeiro-ministro conservador Friedrich Merz.

O anúncio foi feito pelo novo ministro do Interior, Alexander Dobrindt, que disse que o número de pessoas que pedem asilo à Alemanha e são rejeitadas na fronteira, sem entrar no país para que seu pedido seja analisado, deve subir “cada vez mais”. O país também aumentará a fiscalização para impedir a entrada de imigrantes em situação irregular, segundo Dobrindt.

A medida está alinhada com a campanha eleitoral conduzida pelo partido CDU (União Democrata-Cristã), agora no poder em governo de coalizão com o SPD (Partido Social-Democrata da Alemanha).

Líder da CDU, Merz investiu em uma estratégia de oferecer aos eleitores uma política linha-dura na imigração como forma de tirar votos do partido de extrema-direita AfD (Alternativa para a Alemanha). Ao fim da votação, a CDU obteve 22% dos votos, e a AfD, 20%.

Dobrindt disse que as novas diretrizes incluem a mobilização de quase 20 mil novos policiais a fim de aumentar o número de agentes que atuam nas fronteiras para 30 mil. A Alemanha encontra-se no centro da Europa, fazendo fronteira com a Dinamarca, a Polônia, a República Tcheca, a Áustria, a Suíça, a França, Luxemburgo, a Holanda e a Bélgica -todos países membros da zona de livre circulação da União Europeia conhecida como espaço Schengen.

“Trata-se de uma questão de clareza, fiscalização e consequências”, disse o ministro nesta quarta. “É importante enviar a mensagem de que a política na Alemanha mudou”. Ao mesmo tempo, Dobrindt buscou tranquilizar os países vizinhos, afirmando que fechar as fronteiras não está nos planos do novo governo. “Nosso objetivo é tornar possível uma Europa de fronteiras abertas novamente.”

O governo vai abrir exceções para alguns grupos de refugiados vulneráveis, como crianças e mulheres grávidas. O novo chefe de gabinete do primeiro-ministro, Thorsten Frei, disse que “toda pessoa que tentar entrar na Alemanha ilegalmente precisa entender que sua viagem vai acabar na fronteira”.

A prática de rejeitar a entrada de refugiados, entretanto, é considerada ilegal na opinião de muitos juristas, uma vez que a Alemanha é signatária de tratados internacionais que preveem o respeito do direito ao asilo. O governo anterior, liderado pelo social-democrata Olaf Scholz, havia anunciado uma série de restrições na esteira de ataques cometidos por pessoas nascidas no exterior -mas a hipótese de rejeitar refugiados ou fechar as fronteiras sempre foi considerada impossível pela ala jurídica do governo.

A Alemanha vive uma queda marcante no número de imigrantes que entram no país. Segundo o jornal Zeit Online, 36 mil pessoas pediram asilo no primeiro trimestre de 2025 -30 mil a menos do que no mesmo período do ano anterior.

A tarefa de anunciar a medida polêmica coube a Dobrindt também porque o novo primeiro-ministro, Friedrich Merz, realizou nesta quarta sua primeira viagem internacional. Como é tradição entre novos líderes alemães, a primeira parada do conservador foi a França, onde foi recebido em Paris pelo presidente Emmanuel Macron. Em seguida, deve visitar a Polônia.

Em Paris, Merz e Macron falaram em um recomeço das relações franco-alemãs, e o presidente anunciou a criação de um chamado “Conselho de Segurança e Defesa Franco-Alemão” e investimentos conjuntos em defesa. O primeiro-ministro disse querer discutir com Paris e Londres uma nova política de dissuasão nuclear para a Europa que opere de forma independente à dos Estados Unidos. Além da Rússia, a França e o Reino Unido são os únicos países europeus que têm armas nucleares.

Ao mesmo tempo, o primeiro-ministro alemão reforçou que os americanos continuarão sendo peça central na arquitetura de defesa europeia –como o são na Guerra da Ucrânia. Merz afirmou que a Europa “não pode substituir” os EUA para alcançar a paz no conflito em solo europeu.

Em entrevista coletiva ao lado de Macron, o primeiro-ministro disse ainda que a União Europeia deve ratificar rapidamente o tratado de livre comércio entre o bloco e os países do Mercosul, ao qual a França se opõe.

VICTOR LACOMBE / Folhapress

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