BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O novo ministro do Esporte, André Fufuca, afirmou nesta quarta-feira (13) que o esporte brasileiro tem “qualidade quase zero” e que pretende realizar uma revolução na área.
A fala se deu momentos após ele ter tomado posse oficialmente no cargo, em uma cerimônia fechada e restrita no gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Fufuca é um dos indicados do centrão que foram nomeados durante a primeira grande reforma ministerial do governo.
Ele substitui Ana Moser, ex-atleta olímpica e ativista do esporte.
O novo ministro exaltou a ex-ministra em seu primeiro discurso. Disse que terá dois desafios à frente da pasta, sendo um deles justamente substituir Ana Moser.
“É uma pessoa que dispensa apresentações, um personagem histórico do esporte nacional. Tenho certeza de que terei de me desdobrar muito para fazer com que seus sonhos, seus trabalhos e suas realizações se perpetuem no que diz respeito ao tempo em que ficarei à frente do Ministério do Esporte”, afirmou.
“E o segundo e principal objetivo e missão dada pelo presidente Lula é poder ter uma revolução no esporte nacional. Quando falo uma revolução, eu falo no começo, que é a democratização do esporte. Não podemos falar numa revolução esportiva a partir do momento em que temos disparidade entre o tratamento do esportista masculino e da esportista feminina”, acrescentou.
“Não podemos falar de uma revolução esportiva no momento em que temos um esporte de qualidade quase zero no país. Temos muito a avançar, muito a crescer, e tenham certeza de que aqui tem um jovem com disposição, com vontade de trabalhar e com humildade para que possa crescer junto com todos o esporte nacional brasileiro.”
Para assumir a pasta, o centrão negociou que ela fosse turbinada, com o incremento de uma secretaria para lidar exclusivamente com apostas esportivas.
A área de apostas esportivas terá sua gestão dividida entre a pasta esportiva e o Ministério da Fazenda, que ficará responsável pela arrecadação.
Fufuca foi eleito deputado federal pelo Maranhão. Isso representa a entrada do PP no primeiro escalão do governo Lula e a nomeação de mais um aliado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
O ato de exoneração da ex-ministra não consta “a pedido” como costuma acontecer mesmo com ministros que são demitidos, mas saem sem problemas com o governo. Está claro que a ex-ministra quis marcar a posição de que deixou o cargo contra a sua vontade.
Em entrevista à Folha na semana passada, quando foi confirmada a troca na pasta, Ana Moser comparou sua saída da pasta à época em que uma lesão a forçou a abandonar o vôlei mais cedo do que gostaria, com um jogo no ano 2000. Ela disse que, apesar de não ser fácil viver a demissão, já passou por momentos semelhantes em sua trajetória.
Após a confirmação de demissão, a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, manifestou descontentamento com a decisão. “Eu também não estou feliz”, escreveu Janja no X, ex-Twitter, ao comentar a publicação de um usuário que lamentava a saída de Moser.
Fufuca, por fim, foi questionado se sua nomeação significaria aumento no apoio do seu partido, o PP, ao governo Lula. O novo ministro evitou dar uma resposta mais assertiva e ressaltou que a legenda já vem votando a favor do governo em votações importantes.
“O Progressistas desde novembro do ano passado vem dando demonstrações vivas que estão à frente da nação brasileira, o melhorar de vida e da qualidade de vida de todos. Ajudamos na PEC da Transição, em matérias importantes como o arcabouço fiscal e Carf e acredito que não será diferente a partir do dia de agora. O PP haverá de acompanhar as grandes decisões nacionais, principalmente aquelas que melhoram a qualidade de vida de cada brasileiro e brasileira”, afirmou.
RENATO MACHADO E THIAGO RESENDE / Folhapress