SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Infosiga, sistema de monitoramento de letalidade no trânsito, do governo de São Paulo, vai ganhar uma versão atualizada e, entre outras novas funções, irá fazer um ranking das cidades paulistas com mais sinistros de trânsito, de acordo com a taxa de mortalidade a cada 100 mil habitantes. Também mapeará estatísticas de vias públicas.
Chamado de Sistema de Informações Gerenciais de Sinistros de Trânsito, o novo Infosiga estará disponível na internet nos próximos dias, mas será apresentado nesta quinta-feira (9), em um evento sobre segurança viária promovido pelo Detran-SP (Departamento de Trânsito).
Ao custo de R$ 9 milhões, o novo portal foi desenvolvido durante 14 meses, em parceria com o braço de trânsito da Bloomberg.
A versão atualizada do Infosiga compartilhará informações com outros órgãos para realizar o cruzamentos de dados, como sistemas de saúde, institutos médicos legais, agências reguladoras, entidades relacionadas ao clima e aplicativos de trânsito, como o Waze.
Atualmente, a base de dados conta apenas com informações vindas das polícias Civil, Militar e Rodoviária Federal.
Segundo Evandro Vale, coordenador-técnico do Infosiga, a maior origem dos dados não vai disparar o número de mortos na comparação com as estatísticas atuais, mas deve melhorar a qualidade das informações, pois o sistema terá capacidade de fazer análise qualitativa dos acidentes.
Na nova plataforma será possível ter recortes por gênero das vítimas, faixa etária, tipo de meio de transporte, estimativas a partir de dados históricos, além do rankings por taxa de óbito em municípios.
“Gráficos vão ajudar a enxergar melhor o contexto dos sinistros, com um visual mais limpo [na comparação com o atual]”, afirma Eduardo Aggio, presidente do Detran.
A ideia, explica, é subsidiar municípios e o próprio governo estadual com informações que forcem a adoção de políticas públicas que diminuam o número de mortos no trânsito.
De acordo com o projeto, a plataforma permitirá fazer comparativos entre períodos de tempo, haverá um quadro com o resumo dos principais indicadores do mês e do acumulado no ano, ranking por taxa de óbitos em municípios com mais de 300 mil habitantes, conforme as faixas da população, percentuais de fatalidade e novas visualizações em mapas.
Em uma segunda fase, a ferramenta terá estatísticas de ruas, avenidas e rodovias. Também será possível detectar a causa do acidente e cruzar o perfil do condutor e da via pública.
Com a reestruturação e transferência do armazenamento de dados para ambiente em nuvem, o coordenador técnico afirma que o Infosiga terá mais capacidade, com informações sobre habilitação, infrações, veículos, internações, atendimento ambulatorial, velocidade média e fluxo de veículos nas vias, inclusive estradas.
“Tínhamos um limite de capacidade [de armazenamento de dados]”, afirma Vale. “Paulatinamente, a quantidade de recursos deverá crescer”, diz.
A promessa é corrigir uma das principais críticas do sistema atual e facilitar a navegação no site.
“É preciso que ele [Infosiga] se transforme numa plataforma de consumo da população”, afirma Sérgio Avelleda, coordenador do Observatório Nacional de Mobilidade Sustentável do Instituto de Ensino e Pesquisa Insper.
O fácil acesso às estatísticas de mortes em uma via pública pode, além orientar gestores públicos a desenvolverem projetos de engenharia viária e aumentar a fiscalização no local, servir para motoristas buscarem caminhos mais seguros, aponta o especialista.
“Cidades, academia e o próprio poderão usar essas informações de forma mais efetivas”, afirma Avelleda.
De acordo com o Detran, a versão que vai ser lançada pode ser aberta em computador, tablet e celular, mas não está previsto o desenvolvimento de um aplicativo.
A visualização dos dados continuará mensal, a partir de todo dia 19.
FÁBIO PESCARINI / Folhapress