SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O gestor Marcelo Urbano Dias, diretor de investimentos da Augme Capital, disse nesta quarta-feira (9) que não olha para notas de crédito de agências de classificação de risco -conhecidas como agências de rating- para suas estratégias em renda variável.
“Nunca aloquei recurso com base em rating de agências, e acredito que nenhum dos meus colegas aqui também não”, disse ao lado de André Fadul, gestor do Banco Safra, e Arturo Profili, sócio fundador da Capitânia Investimentos, durante a TAG Summit 2023, evento com investidores na cidade de São Paulo.
A fala de Dias foi feita no contexto da discussão da crise na Americanas. Antes de o escândalo da fraude contábil da empresa vir a público, a empresa tinha nota de crédito máxima, que indicava baixíssimo risco de calote.
No exterior, contudo, a nota dos bonds da Americanas (títulos de dívidas emitidos em moeda estrangeira) tinha grau especulativo, com um risco maior de calote, segundo Dias.
As fragilidades das notas das agências de rating ficaram no centro da grande crise financeira de 2008, nos Estados Unidos, já que as agências emitiam nota máxima para títulos imobiliários naquela época.
Mas o perfil dos tomadores de financiamentos imobiliários e o aumento cada vez maior da inadimplência no país sinalizavam que essas notas estavam erradas. No fim, o país afundou em uma recessão depois do pânico do mercado financeiro americano, devido justamente à bolha do setor imobiliário dos EUA.
Recentemente, a Fitch e a S&P Global, duas maiores agências de rating do mundo ao lado da Moody’s, melhoraram a classificação de risco do Brasil. Ambas mantiveram, contudo, o país em uma nota de crédito que indica um grau especulativo de investimento no país.
Já os Estados Unidos tiveram sua nota rebaixada pela Fitch neste mês, de AAA para AA+, ainda dentro do chamado grau de investimento, com risco baixo de calote. A justificativa da Fitch para o rebaixamento é uma provável deterioração fiscal no país nos próximos três anos, além de uma alta e crescente carga geral da dívida do governo.
STÉFANIE RIGAMONTI / Folhapress