Nunes é alvo de rivais, e Marçal defende Bolsonaro em debate sem perguntas entre candidatos

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O oitavo debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo tem o prefeito Ricardo Nunes (MDB) como alvo nos primeiros dois blocos e Pablo Marçal (PRTB) defendendo Jair Bolsonaro (PL) pela atuação na pandemia da Covid-19.

Em um formato sem perguntas entre os concorrentes e promovido pelo Flow em parceria com o Nexo Governamental XI de Agosto, projeto da Faculdade de Direito da USP, o evento é o primeiro do tipo realizado por um podcast.

O evento reúne Nunes, Guilherme Boulos (PSOL), Marçal, Tabata Amaral (PSB), José Luiz Datena (PSDB) e Marina Helena (Novo), no Esporte Clube Sírio, e foi mediado pelo jornalista Carlos Tramontina.

O debate não prevê confrontos diretos entre os candidatos. Em todo o evento, os postulantes ao Edifício Matarazzo respondem a perguntas de eleitores e especialistas. Dois candidatos foram sorteados por pergunta. O primeiro tinha dois minutos para responder à questão sobre um determinado tema, e o segundo, um minuto e meio para comentar.

Ofensas e ataques pessoais são punidos com advertência, e três avisos resultam em expulsão do programa. Há direito de resposta garantido, de no máximo 45 segundos.

O debate começou com atraso de meia hora. Parte das pessoas que assistiam pela internet começou começou a reclamar nos comentários.

Nunes foi o mais fustigado no bloco que teve perguntas de especialistas. Ele foi criticado, por exemplo, por Boulos, que afirmou, ao responder sobre a população de rua, que “um prefeito que não sinta no fundo da alma a dor de alguém que está na rua não merece governar São Paulo”.

Ao responder sobre segurança, Boulos afirmou ser preciso “desfazer fake news de candidatos que não conseguem diferenciar o tratamento para traficante e usuário”, em referência a Nunes que tem atacado o candidato do PSOL o relacionando ao consumo de drogas.

Boulos também provocou o vice na chapa do prefeito Ricardo Nunes, coronel Ricardo Mello Araújo (PL), por causa de uma frase dita pelo policial em 2017 na qual defendia diferentes tratamentos para moradores de bairros ricos e pobres.

“Tem gente que gosta de tratar o tema de segurança pública como se fosse só porrada. […] Nos Jardins, defende o modelo de segurança do ‘bom dia, doutor’. Na periferia, chave de braço, humilhação, porrada”, disse.

Datena e Tabata tampouco pouparam críticas a Nunes, que buscou elencar melhorias em sua gestão. A candidata do PSB, por exemplo, afirmou que “a educação em São Paulo andou para trás nos últimos anos”.

O episódio da cadeirada envolvendo Datena foi lembrado logo no início do programa.

“Nenhuma cadeira está parafusada, nenhuma banqueta está presa, porque nós não temos nenhuma preocupação, nossa preocupação é fazer um debate legal”, disse Tramontina, em referência ao episódio no debate da TV Cultura no último dia 15.

Marçal também citou o assunto ao falar sobre como melhorar o trânsito da cidade de São Paulo e defendeu a educação da população. Ele afirmou que, atualmente, as pessoas acreditam na impunidade e, por isso, cometem crimes no trânsito.

“A certeza de impunidade faz com que as pessoas briguem no transito ou peguem cadeiras e arremessem em candidatos”, afirmou.

O candidato do PRTB ainda defendeu Bolsonaro, que oficialmente apoia Nunes, pela atuação na pandemia de Covid-19.

“A pandemia foi tratada com muita politização, tanto é que a pergunta já foi direcionada para o Bolsonaro e ele não está aqui para responder. Mas eu imagino que ele fez todas as coisas que ele fez tentando acertar”, disse.

Bolsonaro sempre minimizou os impactos da pandemia. Como presidente, propagou discurso negacionista e usou palavras histeria e fantasia para classificar a reação da população e da imprensa ao vírus.

O ex-presidente também distribuiu remédios ineficazes contra a doença, incentivou aglomerações, atuou contra a compra de vacinas, espalhou informações falsas sobre a Covid-19 e fez campanhas de desobediência a medidas de proteção, como o uso de máscaras.

Na última semana, mirando o eleitorado da direita bolsonarista, Nunes também flexibilizou sua opinião sobre a vacinação, afirmando que se arrepende do passaporte -no debate, porém, em que as perguntas foram sorteadas, ele não respondeu sobre o tema.

Marina Helena, em dobradinha com Marçal, também criticou o passaporte da vacina e o fechamento do comércio, mas voltou-se contra o governo Lula (PT), acusando o petista de não ter comprado vacinas para o surto de dengue.

“A gente está chamando o Lula também de genocida? Cadê as vacinas que não chegaram a tempo? Se foi esse caos no que a gente viu na dengue, imagina se fosse essa turma que estivesse lá [no governo] na época da Covid?”, questionou.

Antes, jornalistas entrevistam os candidatos em uma live que antecede o programa, momento em que Madeleine Lacsko, uma das apresentadoras, disse ser “amiga pessoal” de Marina Helena. “Gente, eu não vou esconder, eu sou amiga pessoal da Marina, então não esperem de mim perguntas duras para a Marina, porque ela é minha amiga”, disse.

Nos bastidores antes do início do debate Marçal gritou na direção do prefeito, que saía de uma entrevista, chamando-o de “tchuchuca do PCC”, e Nunes respondeu, falando que o adversário é “condenadinho”.

O candidato do PRTB mencionou o envolvimento de Nunes no escândalo da máfia das creches e disse que houve depósitos nas contas de “sua esposa e sua filha”.

“Você vai pra cadeia”, disse Marçal a Nunes, que retrucou afirmando que o rival “quer roubar até apelido”, por usar o termo “tchuchuca”. Assessores tiraram o prefeito do local para que se dirigisse ao estúdio.

Apesar do bate-boca com Nunes antes do início do debate, Marçal manteve a mudança implementada no programa anterior, no SBT, na sexta-feira (20), e dosou a agressividade vista nos primeiro encontros, evitando apelidos, por exemplo.

Nunes inicialmente não iria ao debate, mas reavaliou. “É importante ter debate, desde que verdadeiramente um debate”, afirmou Nunes em entrevista aos jornalistas antes do início do encontro entre os candidato

Segundo o Datafolha, Nunes lidera a corrida com 27%, e Boulos, com 26%. Marçal manteve-se com 19%.

ARTUR RODRIGUES, CAROLINA LINHARES, JOELMIR TAVARES, ISABELLA MENON E VICTÓRIA CÓCOLO / Folhapress

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