SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou nesta quarta-feira (3) que estuda a criação de um centro de equoterapia no parque municipal que ocuparia o terreno do Jockey Club da cidade. Ele afirma que a medida seria uma forma de absorver a mão de obra dos profissionais que atuam no cuidado dos animais abrigados no clube.
Uma lei aprovada pela Câmara Municipal e sancionada por Nunes na semana passada impede a organização de corridas de cavalos com apostas na cidade. Atualmente suspensa por uma liminar (decisão provisória) concedida na terça (2), a medida inviabiliza o funcionamento do clube.
Para os profissionais que trabalham no Jockey, a ideia mostra desconhecimento sobre a realidade dos cavalos e dos treinadores. “Os profissionais que trabalham com equoterapia são totalmente diferentes dos que atendem no turfe. Não é porque trabalham com cavalos que são iguais”, afirma a veterinária odontológica Fabíola Soares Miolo, 45.
A equoterapia é feita por profissionais como psicólogos e terapeutas ocupacionais, com experiência no trato com cavalos. No Jockey já funciona um centro particular que oferece esse tipo de atendimento.
A veterinária lembra que os profissionais que atuam no clube são autônomos, contratados pelos proprietários dos cavalos. “Os próprios cavalos não são os mesmos, principalmente na fase da vida em que estão os animais de turfe, que são mais jovens e agitados”, diz.
Ao todo são cerca de 3.000 profissionais, que atendem a aproximadamente 600 cavalos que vivem no local.
Treinador e veterinário, Thiago Nastás Haidar, 38, diz que a ideia de um centro municipal de equoterapia seria uma boa ideia se não significasse o fim do turfe. “O Jockey na verdade já é um parque aberto ao público, com uma fauna e uma flora muito ricos. Tem tucanos e papagaios soltos e exemplares de pau-brasil dentro do terreno”, afirma.
Na avaliação de Haidar, existe um problema de comunicação do clube com a sociedade, que não entende a área como espaço público. “Ninguém paga para entrar e visitar os espaços.”
Para ele, o ideal seria manter as corridas e oferecer mais atividades com os cavalos. “Falta espaço nas hípicas de São Paulo e Santo Amaro para manter os cavalos. Podíamos ter cocheiras para eles e caixas de saltos no Jockey também, além de outras atividades equestres.”
Procurada, a prefeitura não deu detalhes de como seria o atendimento de equoterapia no local.
“Os planos da gestão municipal para o Jockey Club buscam adequar o espaço às dinâmicas da cidade de São Paulo, com novos usos para a população e melhor integração à capital. Tão logo a área seja oficialmente da prefeitura, serão iniciados os estudos para implantação do parque”, afirmou a gestão Nunes, em nota.
A prefeitura disse ainda que a equoterapia é oferecida como ação complementar ao tratamento de reabilitação de pessoas com deficiência. O atendimento é feito em parceria com o Centro Social Nossa Senhora da Penha (Cenha), na zona leste, e na Hípica Santo Amaro, na zona sul.
LEONARDO FUHRMANN / Folhapress