SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) iniciou processo para a implantação de um sistema digital que vai mapear e diagnosticar a saúde árvores plantadas em vias públicas de São Paulo. O edital de contratação foi publicado nesta quinta-feira (5) no Diário Oficial.
Estimado em R$ 9,1 milhões, o programa incluirá o uso de scanner para fazer o inventário arbóreo da cidade por meio de inteligência artificial. O levantamento mais recente do gênero foi feito há dez anos, quando foram contabilizadas 652.146 árvores em calçadas e canteiros centrais.
O sistema será semelhante ao desenvolvido pelo Instituto de Biociências e Escola Politécnica da USP (Universidade de São Paulo), que criou um software para identificar sinais de riscos de queda a partir das imagens escaneadas.
“O prefeito autorizou de conversão com startups, centros universitários, inclusive com a USP, e com os nossos técnicos da própria secretaria e da própria prefeitura”, disse o secretário de Verde e Meio Ambiente Rodrigo Ashiuchi. A previsão de entrega é de até dois anos e meio, segundo ele.
O edital prevê que o registro de cada árvore deverá constar a espécie, altura, diâmetro, parâmetros de fitossanidade e a respectiva geolocalização.
A necessidade de atualizar a situação fitossanitária da arborização urbana se intensificou diante da recorrência de eventos climáticos extremos, como a tempestade do início de março que provocou a queda de 340 árvores na cidade. Um motorista de táxi de 43 anos morreu ao ter o carro atingido pelos galhos na avenida Senador Queiroz, na região da Sé, no centro.
Na ocasião, os ventos de 60 km/h derrubaram o chichá (Sterculia chicha) de mais de 30 metros e com idade estimada em 200 anos, no largo do Arouche, na região central.
Segundo o prefeito, as informações do inventário arbóreo serão usadas no planejamento de podas e as árvores apontadas com mais indícios de danos terão prioridade. “A gente tem que entender que há 650 mil árvores, só nas vias públicas, e que existe um negócio chamado escala de Beaufort. Se existe vento, vai cair a árvore. Não adianta a gente imaginar que não vai… Às vezes as pessoas falam, ‘ah, caiu uma árvore ali’. Cai, vai cair. Se não tivesse árvore, não ia cair. Cai porque tem árvores, né?”, disse o prefeito ao citar a escala de classificação dos ventos e a probabilidade de derrubada de árvores.
A gestão também prevê notificar endereços responsáveis por calçadas que confinam raízes de árvores em pequenas porções de terra em meio ao concreto. A falta de espaço na base está entre as principais causas de quedas, segundo especialistas.
Pedidos de remoção ou a poda de árvores em calçadas e praças da cidade tiveram crescimento em 2024 na comparação com os registros de 2023. O ano passado chegou a 77.625 solicitações, ante 73.497 no período anterior.
Sobre isso, a gestão Nunes afirma que coordena ações de manejo de árvores na cidade ao longo de todo o ano. “Todas as demandas de poda e manejo de árvores registradas na Central SP156 são avaliadas tecnicamente e atendidas conforme as condições de cada exemplar, priorizando situações de risco e urgência.”
MARIANA ZYLBERKAN / Folhapress
