SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O prefeito Ricardo Nunes (MDB) minimizou a ausência dele no ato organizado pelas centrais sindicais nesta quarta-feira (1º) para o Dia do Trabalhador e criticou a ação ajuizada pelo presidente Lula (PT) contra a desoneração da folha de pagamentos.
Na agenda do prefeito para este 1º de Maio predominam eventos religiosos. Questionado sobre por que decidiu não ir à celebração planejada pelas centrais sindicais, Nunes disse que tinha outras agendas. “Bom evento para eles.”
A resposta foi dada pela manhã, em Ermelino Matarazzo, na zona leste, onde participou de uma missa de ação de graças dedicada aos trabalhadores. Depois ele foi à inauguração do Viaduto Castelo Branco em Santo André, cidade vizinha.
Segundo a agenda do prefeito, nesta tarde ele voltará a São Paulo para uma celebração com pastores evangélicos na região oeste e, à noite, participará de dois cultos na zona leste.
A bandeira religiosa é um dos pilares do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que apoiará a reeleição de Nunes em São Paulo.
O evento do 1º de Maio com Lula em Itaquera reúne CUT (Central Única dos Trabalhadores), Força Sindical, UGT (União Geral dos Trabalhadores), CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores), CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros) e Intersindical Central da Classe Trabalhadora.
O principal rival do prefeito para a campanha deste ano, o deputado Guilherme Boulos (PSOL), também participa.
“É bom que representantes do governo federal estejam lá”, afirmou Nunes, “porque eles podem receber das centrais um pedido para desistir da ação no STF contra a desoneração da folha”.
O prefeito se refere ao processo no Supremo Tribunal Federal no qual o petista contestou a prorrogação da desoneração da folha de pagamento de municípios e empresas de 17 setores da economia.
Na última quinta-feira (25), o ministro Cristiano Zanin suspendeu trechos da lei que prorrogou a desoneração. O magistrado julgou que a norma estendeu benefícios fiscais sem a estimativa de impacto orçamentário e financeiro.
Até o momento, outros quatro ministros votaram para confirmar a decisão de Zanin: Flávio Dino, Gilmar Mendes, Luís Roberto Barroso e Edson Fachin. Faltando um voto para a formação da maioria, o ministro Luiz Fux pediu mais tempo para analisar o caso e paralisou o julgamento.
Embora seu partido, o MDB, seja da base de Lula e comande ministérios, o prefeito tem se descolado do governo federal e disse que a desoneração da folha é importante para fomentar a geração de emprego e renda.
O prefeito afirmou que a ação de Lula no STF é “inusitada”, ecoando a fala do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
“O governo federal ir até o STF para questionar uma decisão de uma votação que houve no Congresso Nacional… Cada um sabe das suas prioridades”, declarou Nunes.
ARTHUR GUIMARÃES / Folhapress