Nunes tem 83% dos eleitores de Bolsonaro, e Boulos, 65% dos de Lula, aponta Datafolha

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Na véspera da eleição municipal que definirá o próximo prefeito de São Paulo, ainda há uma divisão dos eleitores do presidente Lula (PT): 65% pretendem votar no deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), mas outros 25% afirmam que optarão por Ricardo Nunes (MDB), aponta o Datafolha.

Já os paulistanos que votaram no ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2022 devem migrar de forma majoritária para o atual prefeito (83%) —com apenas 5% desse grupo indo para o psolista—, mesmo com a aliança envergonhada que marcou a relação entre os dois nos últimos meses.

Outros 10% do grupo bolsonarista dizem que votarão em branco ou nulo, parcela que é de 8% entre apoiadores de Lula.

Esses números variaram muito pouco ao longo do segundo turno, sempre dentro das margens de erro do levantamento. O endosso a Nunes pelos eleitores do petista foi o que mais oscilou negativamente (de 31% para 25% em pouco mais de duas semanas). Ainda assim, segue relevante.

No cenário geral, o prefeito chega à véspera da votação na dianteira, com 57% das intenções de votos válidos (descontando brancos e nulos), contra 43% de Boulos.

O Datafolha entrevistou presencialmente 2.052 pessoas nesta sexta (25) e sábado (26), em pesquisa encomendada pela Folha de S.Paulo e pela TV Globo e registrada na Justiça Eleitoral sob o código SP-01690/2024. A margem de erro geral é de dois pontos percentuais, mas sobe para três pontos entre eleitores de Lula e quatro entre votantes de Bolsonaro.

Até o primeiro turno, o eleitorado bolsonarista ficou dividido entre Nunes e o influenciador Pablo Marçal (PRTB). O autodenominado ex-coach liderou nesse segmento durante a maior parte da corrida, mas, com sua derrota, o prefeito retomou a preferência majoritária desse público.

Já Boulos passou toda a campanha eleitoral à frente entre os apoiadores de Lula, seu padrinho político. Mas, já no primeiro turno, dividia uma parcela deles com Nunes e também com a deputada federal Tabata Amaral (PSB) —ela apoiou o psolista ao sair da disputa, porém se negou a subir em seu palanque.

O PAPEL DE BOLSONARO E LULA NAS CAMPANHAS

A última semana de campanha foi marcada, de um lado, pela primeira aparição de Bolsonaro em um evento oficial de Nunes e, do outro, pelo cancelamento da presença de Lula em um ato de Boulos neste sábado, após o presidente sofrer um acidente doméstico e levar pontos na nuca.

Na terça (22), o atual prefeito e o ex-presidente almoçaram com cerca de 400 empresários e políticos, gravaram um podcast, participaram de um culto e jantaram numa pizzaria ao lado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Os três, porém, fizeram discursos breves, acenos discretos e elogios pouco efusivos.

Bolsonaro não se engajou na campanha de Nunes temendo sofrer represálias de parte do seu eleitorado que preferia Marçal. Na equipe do emedebista, por sua vez, havia dúvidas se a participação do ex-presidente seria benéfica, devido à sua alta rejeição perante o eleitorado paulistano.

O envolvimento do ex-presidente se restringiu à sua presença na convenção eleitoral, em agosto, e à indicação do vice na chapa, o policial militar Mello Araújo, em junho. A função de cabo eleitoral de Nunes, então, acabou indo para Tarcísio, que chegou a fechar sua agenda para se dedicar à reeleição do aliado.

Já Lula gravou vídeos publicitários com Boulos, participou de dois comícios e uma caminhada no primeiro turno e também indicou a candidata a vice, Marta Suplicy (PT) —que teve destaque tardio na campanha. Outras atividades, porém, foram desmarcadas por causa da agenda presidencial e de imprevistos.

No segundo turno, o presidente não participou de nenhum evento presencial. Dois atos programados para o dia 19 acabaram cancelados por causa da chuva, substituídos por uma live, e a previsão de que Lula viajasse a São Paulo na véspera da votação foi frustrada pelo acidente doméstico.

Quem fez esse papel na reta final foi o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que acompanhou Boulos no bar Estadão, na região central, e seguiu para um ato no Teatro Gazeta, na avenida Paulista. Alckmin havia apoiado Tabata no primeiro turno, mas depois anunciou seu voto no deputado.

JÚLIA BARBON / Folhapress

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