SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O jornal americano The New York Times se tornou alvo de críticas de leitores após publicar no domingo (24) um artigo de opinião de Yahya R. Sarraj, prefeito da Cidade de Gaza nomeado pelo grupo terrorista Hamas.
No artigo, intitulado “Eu sou o prefeito da Cidade de Gaza. Nossas vidas e nossa cultura estão em ruínas”, Sarraj escreve que a “invasão israelense causou a morte de mais de 20 mil pessoas” e “pulverizou as riquezas culturais” do território palestino.
“Eu ainda sinto que estou em um pesadelo pois não consigo entender como alguém em sã consciência consegue participar desta campanha horrível de destruição e morte”, diz o texto.
Sarraj diz que estava no exterior quando “Israel começou sua guerra em Gaza em resposta ao ataque mortal do Hamas” em 7 de outubro. Ele, então, interrompeu sua viagem e retornou ao território “para ajudar o nosso povo”.
O texto diz que Sarraj foi nomeado para o cargo de prefeito de Gaza pela administração do Hamas em 2019. Antes disso, ele foi reitor do Colégio de Ciências Aplicadas de Gaza.
Nas redes sociais, leitores criticaram o New York Times por publicar um artigo escrito por uma autoridade ligada ao grupo terrorista.
“Nojento, vil, patético. Estas palavras nem começam a descrever o New York Times hoje em dia”, escreveu um usuário identificado como Keegan Nazzari na rede social X.
“O New York Times está promovendo um dos líderes do Hamas e permitindo que ele dissemine sua propaganda”, diz mensagem publicada no X pelo perfil Mass Insanity, que se descreve como uma página dedicada a “expor o islã radical, o terrorismo islâmico e as consequências da migração em massa”.
Alguns leitores lembraram a controvérsia gerada em 2020 quando o New York Times publicou um artigo de opinião em que o senador republicano Tom Cotton, do Arkansas, advogava uma resposta militar incisiva contra as manifestações antirracistas que se espalharam por várias cidades dos EUA.
Na ocasião, centenas de jornalistas do New York Times vieram a público para criticar a decisão do jornal de publicar o artigo de Cotton. Após a revolta interna, o editor de Opinião, James Bennet, deixou o cargo, e o jornal divulgou uma nota de retratação em que aponta falhas técnicas no artigo.
Em artigo recente na Economist, Bennet acusou a chefia do New York Times de ceder ao “iliberalismo” de parte de seus jornalistas na ocasião.
O New York Times não havia se pronunciado sobre as críticas ao artigo de Sarraj até a publicação deste texto.
Redação / Folhapress