O melhor que o Estado pode fazer é deixar as empresas crescerem, diz ministro da Economia de Portugal

LISBOA, PORTUGAL (FOLHAPRESS) – Segurança pública, infraestrutura boa, sistema bancário sólido e mão de obra qualificada, além da promessa de corte de impostos e desburocratização, foram alguns dos fatores listados por autoridades portuguesas para incentivar empresários brasileiros a investir no país.

O tema foi discutido no terceiro painel da Conferência de Lisboa, evento realizado por Lide, Folha e UOL na sexta-feira (15), na capital portuguesa.

Pedro Reis, ministro da Economia de Portugal, afirmou que o atual governo tem atuado para implementar políticas que ajudem os empresários locais e do exterior. “O melhor que o Estado pode fazer é deixar as empresas respirarem e crescerem.”

Reis, que faz parte do gabinete do primeiro-ministro Luís Montenegro, do PSD (Partido Social Democrata), defendeu que é preciso ter menos impostos, menos burocracia e mais robustez de infraestrutura energética para atrair o setor privado.

“Criar riqueza é a melhor maneira de criar uma sociedade humanista e equilibrada, e não há via mais rápida do que ajudar o setor privado. Não vale a pena complicar”, disse.

Na avaliação do ministro, o país europeu, por ser pequeno, enfrenta desafios de escala e capitalização, mas oferece boa infraestrutura de comunicação e de transporte para o continente.

Os laços culturais entre os dois países e a localização geográfica foram ressaltados na fala de Nuno Sampaio, secretário português de Negócios Estrangeiros e Cooperação. “Portugal pode ser a porta de entrada do Brasil na Europa. Temos capacidade de fazer a ponte atlântica”, afirmou ele.

Sampaio também defendeu a iniciativa privada como motor do desenvolvimento, sobretudo em momento de ascensão da nova economia. “Quem cria riqueza são as empresas e os empresários. Aos governos e governantes, o que se pede é que criem um ambiente para que essa capacidade atinja o mais elevado potencial.”

António Nogueira Leite, presidente do Conselho de Administração da Mapfre Portugal, fez coro com o discurso de atração de capital e talentos brasileiros.

Ele citou as áreas de economia circular e descarbonização como oportunidades do momento.

“Há muito investimento brasileiro no turismo e no setor imobiliário, mas Portugal tem feito um esforço grande para criar um ecossistema de investimento em novas tecnologias”, disse.

Um exemplo do quão longe um produto brasileiro pode chegar está na Sizebay, empresa que recomenda o tamanho de roupas para compras online e oferece serviços para lojas que operam em 60 países, atendendo a cerca de 1 milhão de consumidores.

“Estamos desenvolvendo soluções a partir do Brasil para o mundo, para o setor ser mais eficiente e produtivo”, disse Marcelo Bastos, fundador da Sizebay.

Mas para que novas ideias virem negócios de sucesso, empreendedores precisam de suporte. É o que faz a Bossa Nova Investimentos, fundo que apoia negócios no Brasil, na América Latina, nos Estados Unidos e, durante o painel, anunciou a entrada na Europa por Portugal.

“Não tem mais como achar que startup é coisa de fundo de garagem, algo paralelo. A nova economia é uma força muito além do universo da tecnologia”, disse João Kepler, CEO da Bossa Nova.

E as necessidades de investimento no Brasil vão além de startups. “Existe uma demanda de R$ 300 bilhões de reais para universalização dos serviços de saneamento básico”, disse Henrique Meirelles, co-chairman do Lide e ex-ministro da Fazenda.

Meirelles afirmou que esse contexto deve ser visto como uma boa oportunidade.

“O PIB brasileiro cresceu mais do que os economistas esperavam em 2023 e está crescendo mais do que o esperado também para 2024. Isso abre uma oportunidade grande para investidores, independentemente do setor específico”, acrescentou.

O ex-ministro ainda apontou a agroindústria como um dos segmentos com mais potencial, uma vez que o país é um grande produtor de grãos e poderia exportar produtos agrícolas já manufaturados.

LUCIANA ALVAREZ / Folhapress

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