O pulso ainda pulsa: pentacampeão estadual busca investidor para ressurgir

PORTO ALEGRE, RS (UOL/FOLHAPRESS) – Entre 1993 e 1997 apenas um time foi campeão paranaense. Em 2006, este mesmo clube esteve na Sul-Americana, em 2007 foi até as oitavas da Libertadores, e, em 2018 jogou pela última vez na Série A. Mas desde então, quedas e mais quedas. Hoje, a realidade do Paraná Clube é a Série B do Estadual e a procura por investidores para se manter vivo.

LONGE DO RETORNO: DÍVIDA DE R$ 120 MILHÕES

Em recuperação judicial, o clube possui aproximadamente R$ 120 milhões em dívidas a longo prazo. Em setembro precisa pagar R$ 18 milhões na primeira parcela do acordo. “Tudo depende dos credores, temos posses que podem ser trabalhadas sobre isso”, contou o presidente Ailton Barboza de Souza, citando as sedes Kennedy e Boqueirão.

A meta paranista é mostrar a força do clube, o poder da torcida e a imposição da marca para atrair investidores. O processo de SAF no clube já é realidade, mas hoje é um sistema misto no qual a propriedade da SAF é da própria associação, modelo semelhante ao que ocorre no Fortaleza.

“Quando falamos em comprar o clube, não temos definido o que se está comprando, não é algo tangível. Se for analisar, tudo depende da tua pretensão com o clube. O que precisa é uma garantia de investimento que pode partir até de renda gerada pelo próprio clube”, afirma Ailton.

O CORAÇÃO AINDA BATE

Um exemplo fiel do que Tricolor Paranaense está passando se reflete na campanha de marketing lançada para alavancar a relação com a torcida. “Queremos mostrar que é possível, recuperar a autoestima paranista”, disse o mandatário.

Na peça publicitária, um paciente em fase terminal é tratado por médicos. Lançado há um mês, o vídeo já tem mais de 250 mil visualizações no Youtube, recorde no perfil oficial do clube. Este é o Paraná, que busca oxigênio para retomar seu lugar.

Estamos numa situação que a torcida não merecia, mas as circunstâncias de gestões anteriores nos trouxeram até aqui. Entendemos que temos uma grande torcida, além de muitos simpatizantes pelo país. A campanha busca resgatar o orgulho da torcida. Todos estão muito machucados, mas o coração precisa voltar a bater

IMPULSIONADO PELA TORCIDA

A campanha deu absurdamente certo. Mesmo que esteja fora da elite estadual, o clube colocou 36.891 torcedores em jogo contra o Nacional-PR, na Ligga Arena (cedida pelo Athletico-PR). Este foi o segundo maior público daquele fim de semana no país, atrás apenas do jogo do Corinthians, e gerou renda de quase R$ 2 milhões. Em seguida, mais 24.362 torcedores, em partida contra o Apucarana disputada no Couto Pereira (cedido pelo Coritiba).

Muita gente tinha dúvida sobre o “valuation” do clube, mas nossos ativos mostraram seu valor. Com a torcida e o estádio conseguimos mostrar do que somos capazes. E tem outra coisa: qualquer investidor que for investir no clube, verá que suas ações só podem subir, não podem cair mais, até porque não tem para onde cair. É comprar na baixa, pois só terá valorização adiante, essa é a realidade. Quem investir, tende a ter retorno

DÁ PRA SEGUIR SOZINHO?

Mesmo se não for possível atrair investidores, o Paraná acredita que pode atingir o objetivo de renascer. O caminho, porém, será mais longo. A meta é estar entre as Séries A e B nacionais dentro de até 10 anos.

O primeiro passo é subir para elite estadual e garantir um calendário completo. Com a segunda divisão como competição única, o time atua por menos de seis meses na temporada, freando investimentos e afastando os melhores jogadores. Ainda assim o time conta com nomes conhecidos no time treinado pelo ex-meia Tcheco (com passagens por Grêmio e Santos), como Sidão (ex-São Paulo e Vasco) e Bruno Silva (ex-Inter e Botafogo).

nesta quarta-feira (19) o Paraná está dentro do grupo de classificados para a próxima fase da competição. De 10 passam quatro que disputam duas vagas na elite em jogos eliminatórios.

Se conseguir isso, ainda que não tenha investidor, o coração pode seguir batendo. Sob cuidados, mas batendo.

Temos um prazo de 10 anos para pagar a recuperação. Dentro de 10 anos, temos a possibilidade de atrair o investidor com planejamento convincente para manter a empolgação da torcida. Ele pode encurtar o caminho, mas nada impede que o clube mantenha o coração batendo por si só, com a força do nosso torcedor

MARINHO SALDANHA / Folhapress

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