SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma viagem entre São Paulo e Dubai foi interrompida na madrugada deste domingo (16) no Aeroporto Internacional de Guarulhos após falha em um dos quatro motores da aeronave. O Airbus A380, maior avião de passageiros do mundo, sofreu com um “stall do compressor”.
O avião acelerava para a partida quando passageiros acompanharam pelas janelas e câmeras o momento em que chamas apareceram rapidamente no lado esquerdo.
O canal Golf Oscar Romeo, do Youtube, capturou o áudio da comunicação dos pilotos da Emirates com o controlador. Os registros mostram que os pilotos informaram à torre de controle que tiveram um “stall” (parada, em inglês) do compressor. “Precisamos sair em alguma pista de táxi”, disseram.
O avião voltou para o portão, e o voo foi cancelado.
Annibal Hetem, professor de engenharia aeroespacial da UFABC (Universidade Federal do ABC), explica que o compressor que sofreu a parada é uma das três partes que compõem os motores da aeronave -sendo a turbina atrás, o tristão no meio e o compressor à frente, podendo ser visto em formato de pás do lado de fora do avião.
A parte que falhou comprime o ar para que entre no motor e queime o combustível. Ele deve rodar com uma velocidade maior do que a velocidade do ar que está entrando. O “stall” de compressor pode ser uma consequência da diferença de velocidades.
Nessa parada, ele roda no vazio, como se não houvesse ar no compartimento. Sem força para reduzir a velocidade do giro, ele acaba rodando mais rápido do que o necessário e pode expelir os gases que estão na região de combustão através da turbina.
O ocorrido não pode ser considerado uma explosão, e sim uma expulsão de chamas que estavam dentro do motor.
Segundo o professor, essa falha não acontece com frequência. As razões específicas que desencadearam os problemas só serão descobertas com análises a serem feitas no equipamento.
No pior cenário para a companhia aérea, o motor precisará ser trocado, operação de alto custo.
O avião pode voar com um dos motores em falha, uma vez que há outros três para sustentá-lo. Para Hetem, o ato de retornar ao portão e cancelar o voo demonstra prudência, já que o avião não havia feito a decolagem e poderia desembarcar os passageiros.
Caso o defeito se apresentasse no meio do voo, o professor diz acreditar que a tripulação optaria por terminar a viagem com os outros motores funcionais.
Segundo dados da plataforma FlightRadar24, o A380 chegou a atingir 38 nós (70 km/h) antes de começar a desacelerar na pista 10L do maior aeroporto do Brasil.
LUANA FRANZÃO / Folhapress