SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O que EUA e a China têm em comum? Os dois países anunciaram nesta segunda-feira (12) trégua na guerra comercial.
Também aqui: o acúmulo de funções no cargo papa e entenda por que parece que todo mundo quer morar em Balneário Camboriú. E outras notícias do mercado para começar esta segunda-feira (12).
TRÉGUA
Já podemos respirar aliviados? É provável que não, mas o capítulo mais tenso até aqui do primeiro semestre do governo Donald Trump pode estar no começo do fim.
🪑Na mesa. O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, anunciou hoje que os dois lados concordaram com uma pausa de 90 dias na escalada de tarifas, que serão reduzidas em mais de 100 pontos percentuais para uma taxa básica de 10%.
“Ambos temos interesse em um comércio equilibrado, os EUA continuarão avançando nessa direção”, afirmou.
O representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, descreveu a conclusão como “um acordo que fechamos com nossos parceiros chineses” que ajudará a reduzir o déficit comercial global de bens dos EUA, de US$ 1,2 trilhão (R$ 6,78 trilhões, na atual cotação).
A rapidez [com que os acordos saíram] reflete que talvez as diferenças não tenham sido tão grandes quanto se pensava, declarou Greer.
Na edição da sexta-feira (que você pode ler aqui), abordamos o primeiro acordo comercial dos americanos depois do anúncio do tarifaço, que foi selado com os britânicos. Ao longo desta semana, há a previsão de novos acordos semelhantes, segundo Kevin Hassett, conselheiro econômico da Casa Branca.
Mudando de assunto Lula viajou e fechou acordos nos últimos dias. A passagem na Rússia teve poucas novidades para a economia, mas os dias na China devem trazer novidades.
O governo fechou novos investimentos de empresas chinesas no Brasil. A lista deve ser divulgada hoje, no final de um seminário empresarial organizado pela ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos).
Entre os destaques estão:
A fabricante de semicondutores Longsys, que vai construir unidades de São Paulo e Manaus;
O aplicativo de entrega Meituan, que vai levar ao Brasil seu braço internacional, Keeta;
A rede de sorvetes, chás e sucos Mixue, que se tornou a maior cadeia de fast food do mundo, que ultrapassou o McDonald’s.
DEVO, NÃO NEGO
Quem disse que se endividar é ruim? Tem um monte de gente por aí vivendo cheio de contas a pagar, mas viajando o mundo e jantando nos melhores restaurantes. O problema é que a conta sempre chega, e essa parte ninguém posta no Instagram.
Os chineses estão em um momento meio assim. A dívida pública deles sobe nos últimos anos, e isso pode não fazer tanta diferença para eles, mas, pode complicar a vida aqui no Brasil.
Inimigo ou exemplo? Os Estados Unidos e a China estão sempre em pé de guerra, sobretudo quando o assunto é economia. Contudo, vez ou outra replicam comportamentos um do outro. É o caso do endividamento.
A dívida americana chega a cerca de 120% do PIB (Produto Interno Bruto), ou seja, mais do que o país é capaz de produzir em um ano. Para resolver a situação, eles fazem como você no fim do mês: adiam o pagamento fazendo uma nova dívida.
↳ Chamamos esse processo de rolar a dívida.
Para os EUA, isso não é um grande problema hoje, uma vez que os títulos públicos deles vendem como água por serem considerados alguns dos ativos mais seguros do mundo.
Agora os chineses se aproximam da marca dos rivais. A expectativa é que a dívida deles chegue a 100% do PIB no final deste ano. A preocupação do mercado é que, em ambos os casos, houve uma aceleração dos gastos recentemente.
💹 Em números. No primeiro quadrimestre, a dívida total dos emergentes (governos, empresas e famílias) aumentou US$ 3,5 trilhões (R$ 19,7 trilhões). A China respondeu por US$ 2 trilhões (R$ 11,3 trilhões), segundo o IIF (Instituto de Finanças Internacionais). Em 2019, a dívida pública chinesa equivalia a 60% do PIB agora está em 93%.
Isso é ruim? Pode ser. Para os brasileiros, certamente. Aumentar a dívida pública exige manter o interesse das pessoas em adquirir os títulos uma forma de fazer isso é oferecendo um bom prêmio.
Em nome de atrair investidores, esses países podem manter as taxas básicas de juros lá no alto, o que implica em uma boa recompensa para quem lhes emprestar uma graninha. Mas, quem negocia com esses países vai ter que lidar com esses juros em outras operações.
Adivinha quem negocia muito com chineses e americanos? Isso mesmo, o Brasil.
FÉ RESOLVE DÍVIDA ?
Você acha que ser papa é fácil? Não é. O cargo, agora ocupado por Leão 14, é um dos únicos no mundo a reunir o poder religioso, executivo e judiciário de um país. Além de líder da igreja católica, o ex-cardeal Prevost comanda o país e a Justiça de lá.
Agora, mais do que comandar o rebanho global de católicos apostólicos romanos, ele tem uma outra missão muito difícil: ajustar as finanças do Vaticano. O desafio foi encarado por seus antecessores, mas não resolvido. Vamos entender.
O patrimônio. A igreja ganha dinheiro a partir das doações de fiéis, mas, principalmente através da receita de hospitais, museus, dioceses e do aluguel do seu amplo patrimônio imobiliário. Além, é claro, de todo o patrimônio histórico de valor inestimável em seu poder.
Mas as finanças da Santa Sé são cronicamente deficitárias. Aparentemente, o acúmulo de funções no cargo papa não faz muito bem para a economia do estado episcopal.
Se o problema fosse só gastar demais, estaria bom. Existem questões importantes de desvio de dinheiro e ausência de transparência.
Colocando em números. Embora não divulgue suas contas regularmente, o Vaticano reportou, em 2023, um prejuízo consolidado de quase 70 milhões de euros (aproximadamente R$ 382,4 milhões, na cotação da época), frente a uma receita de 1,2 bilhão de euros (R$ 6,4 bilhões).
↳ Informação importante para entender a história: o banco central do estado papal é o Instituto para as Obras da Religião (IOR).
Debaixo dos panos. Durante muito tempo, o IOR foi o principal acionista do banco italiano Ambrosiano, acusado de lavar dinheiro do narcotráfico e da máfia.
Francisco, antecessor de Leão 14, tentou dar uma arrumada nas coisas, que estavam quando o argentino assumiu em 2013. Ele criou um secretariado para cuidar da economia e trouxe nomes das finanças para o conselho administrativo do IOR.
A imagem do país melhorou um pouco, mas o prejuízo ainda é enorme.
TORRE DE BABEL
O adjetivo nababesco é usado para descrever um luxo exagerado, uma ostentação incomum. Ele vem do idioma persa e também é usado para descrever riqueza. Dá para usá-lo para descrever a Senna Tower, novo projeto ambicioso de BC?
O maior prédio residencial do mundo estará em Balneário Camboriú, litoral de Santa Catarina. Isso se ninguém realizar a proeza antes.
Como assim? A Senna Tower, a ser construída na avenida Atlântica, na orla da cidade, contará com 18 mansões suspensas, com áreas privativas de 420 m² a 563 m², piscina e jardins, além de um elevador para carros.
Tudo isso em nada singelos 157 andares e 228 apartamentos. O CEO da construtora FG Empreendimentos, Jean Graciola, brinca que os donos de uma Senna McLaren poderão guardar o carro no andar em que forem morar. Além das duas coberturas triplex e das quatro duplex, o Senna Tower terá 204 apartamentos com áreas privativas entre 300 m² e 400 m².
💰Quanto custa? O investimento inicial da construtora é estimado em R$ 3 bilhões.
Os preços dos apartamentos variam conforme a metragem e o tipo de planta do imóvel, na faixa entre R$ 28 milhões e R$ 300 milhões. Os mais caros serão dois triplex na cobertura e a ideia da empresa responsável é levá-los a leilão, o que pode render valores bem acima do esperado.
🏖️ Tem tanta gente assim querendo morar em BC? Aparentemente, sim. A cidade abriga o metro quadrado médio mais caro do país.
Desde o anúncio da torre, feito em setembro do ano passado, a FG já contabilizou o equivalente a R$ 1,3 bilhão em vendas de unidades. A projeção é chegar aos R$ 8,5 bilhões em VGV (Valor Geral de Vendas) até a conclusão das obras na barra sul da praia central da cidade o que deve acontecer em cerca de oito anos.
🌆 Concorrentes. Aí vai uma noção de quais são os maiores arranha-céus do mundo. Clique na imagem para saber mais sobre eles.
LUANA FRANZÃO / Folhapress
