RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A Polícia Civil e o Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro entram no sétimo dia de buscas pelo menino Édson Davi Silva de Almeida, 6, nesta quinta-feira (11).
A criança está desaparecida desde o último dia 4, após ser vista pela última vez na praia da Barra da Tijuca, na zona oeste da capital fluminense.
A polícia afirma que todas as linhas de investigação são consideradas, mas a principal indica que o menino sofreu um afogamento. A família de Édson Davi, no entanto, diz não acreditar na hipótese porque a criança teria medo de entrar no mar.
A seguir, veja o que se sabe até o momento sobre o caso.
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QUANDO O CASO FOI REGISTRADO?
Os pais de Davi, Marize Araújo e Édson dos Santos Almeida registraram o sumiço do filho no fim da tarde de quinta-feira (4) na delegacia da Barra da Tijuca. A investigação, no entanto, foi transferida para a DDPA (Delegacia de Descobertas de Paradeiros), que segue com o caso.
Desde o registro, segundo a polícia, dezenas de informações sobre possíveis paradeiros da criança foram recebidas, mas todas foram checadas e descartadas.
QUANDO O MENINO FOI VISTO PELA ÚLTIMA VEZ?
A família de Davi mora na Gardênia Azul, na zona oeste do Rio. No dia do desaparecimento, a criança estava acompanhando o pai, Édson dos Santos Almeida, 47, que trabalha em uma barraca nas imediações do posto 4 da praia da Barra da Tijuca, também na zona oeste.
Segundo Édson, o filho desapareceu após brincar com crianças estrangeiras na areia da praia, que estava movimentada.
“Sei que um gringo estava com duas crianças brincando de bola com ele. Por volta de 16h30, estavam na areia jogando bola, ele [Édson Davi] se fazendo de goleiro. Nisso, eu atendendo um cliente, fechando conta, quando me dei conta, meu filho sumiu. Isso era 16h50, 17h, quando aconteceu”, disse o pai.
Ainda de acordo com Édson, antes de brincar na areia, Davi fez um lanche na barraca.
QUAIS AS SUSPEITAS DA FAMÍLIA?
A família acredita que o menino possa ter sido sequestrado e descartam a hipótese de afogamento apontado pela polícia. De acordo com a irmã de Davi, Giovana Almeida, a criança não teria entrado no mar por ter medo. O pai também afirmou que antes de entrar na água ele pedia autorização.
“Era um menino muito obediente, sempre que se aproximava da água ele pedia [antes]. Então, não acredito que ele tenha entrado na água”, disse.
O pai da vítima chegou a mencionar que uma família de turistas argentinos esteve com Davi pouco antes de a criança desaparecer. A polícia, no entanto, descartou a suspeita de envolvimento dos estrangeiros.
A mãe do menino, Marize Araújo, usou as redes sociais nesta quarta-feira (10) para reafirmar que não acredita que o filho tenha sofrido afogamento. “Davi está vivo. Ele não se afogou. Ele chama por nós”, escreveu a mãe na postagem.
Parentes e amigos de Davi fizeram uma manifestação na tarde desta quarta na altura do posto 4 da praia, onde o menino foi visto pela última vez. O grupo também estava no local no último domingo (7) com cartazes cobrando por notícias sobre o paradeiro do menino.
O QUE APONTAM AS INVESTIGAÇÕES?
A Delegacia de Descobertas de Paradeiros, da Polícia Civil do Rio, afirma que todas as linhas de investigação ainda são consideradas, mas a mais forte indica que o menino nunca saiu da praia.
Os investigadores descartaram a hipótese de envolvimento da família de turistas argentinos no caso. Os agentes localizaram a família, sendo o casal e três filhos, e ouviram o argentino que brincou por alguns minutos com a criança antes de ela desaparecer.
Em depoimento, o estrangeiro confirmou que o filho dele brincou com Davi por cerca de 20 minutos e que, logo depois disso, foram embora. O argentino relatou ainda que não viu para onde foi o menino.
A investigação analisou imagens de câmeras de segurança que mostraram os turistas saindo da praia e chegando no hotel onde estavam hospedados também na Barra, sem a presença de Davi.
EM QUAIS IMAGENS A INVESTIGAÇÃO SE BASEIA?
Os agentes analisam imagens de câmeras dos postos 3 e 5 da orla da Barra da Tijuca, cedidas pela Prefeitura do Rio, na sexta-feira (5).
De acordo com a polícia, as câmeras localizadas no local em que Davi foi visto pela última vez, no posto 4, estavam em manutenção no dia do desaparecimento, conforme ofício enviado pelo município aos investigadores.
A cessão das imagens havia sido reivindicada pela família durante uma manifestação no domingo (7). Os pais de Davi disseram que as filmagens são fundamentais para entender o trajeto da criança no dia em que desapareceu.
Câmeras de segurança registraram quando Davi aparece sorrindo, de camisa térmica preta. Nos segundos seguintes do vídeo reproduzido pela TV Globo, o menino conversa com um homem desconhecido.
Além disso, um vídeo cedido à investigação por uma testemunha mostra a criança na beira do mar por volta das 15h30 da tarde, cerca de uma hora e 30 minutos antes do registro do desaparecimento.
Nas imagens, Davi aparece de camisa térmica preta, brincando na beira da água próximo a uma bandeira vermelha que indicava perigo.
O QUE DIZEM AS TESTEMUNHAS?
Ao menos três testemunhas ouvidas pela polícia afirmaram ter visto o menino entrar no mar antes de ele desaparecer.
Em depoimento, um homem que atua na barraca com o pai de Davi afirmou que teria pedido para a criança sair da água tendo em vista as condições do mar, que estava agitado.
Ainda segundo a investigação, outra testemunha narrou que viu Davi entrar no mar por três vezes enquanto jogava futebol com outra criança.
Outra pessoa também relatou que o menino teria pedido uma prancha emprestada para entrar na água, mas que não atendeu o pedido porque o mar estava revolto.
COMO ESTÃO SENDO FEITAS AS BUSCAS?
O Corpo de Bombeiros trabalha desde a madrugada de sexta-feira nas buscas por Davi. A operação tem como foco a praia da Barra, na altura do posto 4, e também a orla de Recreio, Guaratiba e Sepetiba. A ação conta com aeronave, drone, moto aquática, quadriciclos e mergulhadores.
Em outra frente, a Polícia Civil percorre pontos na Barra da Tijuca, e na restinga de Marambaia no sentido Angra dos Reis. Os agentes também foram foram a locais na zona sul da capital flumiense, e em toda a extensão da orla de Grumari até Copacabana, além de Niterói, na Região Metropolitana do Rio.
Nesta quarta-feira (10), os agentes sobrevoaram as pedras do Joá, na zona sul da cidade, com uma câmera termográfica Flir, que faz imagens em alta resolução a partir de um helicóptero da própria polícia.
Com alcance de 5.000 metros, a lente termográfica é capaz até de identificar pessoas, à noite ou no escuro.
ALÉXIA SOUSA / Folhapress