(FOLHAPRESS) – Em “O Vazio de Domingo à Tarde”, Mônica, personagem de Gisele Frade, é uma atriz tão célebre quanto, digamos, uma Vera Fischer ou Sônia Braga algum tempo atrás.
Ela termina uma filmagem em Goiás completamente estressada. Não quer fazer novela na televisão, quer voltar para Brasília e encontrar o marido, precisa fazer outro filme etc. Na outra ponta está Kelly, papel de Ana Eliza Chaves, uma adolescente que idolatra Mônica e pretende ser atriz como ela.
Entre as duas há uma série de homens, mas pode-se falar deles depois. Mais importante que eles é o celular. Kelly o usa para fazer fotos sensuais e postar em algum aplicativo, esperando experimentar a mesma celebridade de Mônica.
Ele é usado também para revelar certos segredos comprometedores da estrela. Bisbilhotices de intimidade, enfim. Kelly, por sua vez, será contatada por um suposto agente que pretende torná-la famosa.
Mônica está insatisfeita com o marido, que só pensa em continuar em Brasília para estar perto do pai, à beira da morte e em estado de coma. Mal se dá conta de que o marido também não está tão feliz assim ao lado dela.
Kelly briga com o namorado e segue o suposto agente. Ele a leva para um muquifo, seu suposto estúdio, onde é acompanhado por um tipo sinistro. Tudo parece muito ameaçador. Estupro parece mais que uma hipótese.
Mas Kelly não é boba como parece. Ela já mandou filme, foto do cara, tudo para o irmão. Se ele fizer alguma coisa, basta avisá-lo. A partir de então, admita-se, ele se comporta como um cavalheiro.
A ressaca da celebridade e a ambição de se tornar célebre são os dois lados dessa história que retoma o tema clássico da estrela prestes a decair e da jovem fã que admira a outra mais como projeção de si mesma.
No caso de Kelly, a composição da personagem é um pouco estranha. Ora ela parece ingênua e um tanto caipira, com maquiagem horrível e tal, ora se mostra capaz de manipular quem estiver por perto para chegar onde quer chegar.
Já as idas e vindas de Mônica parecem compatíveis com seu estado mental bem instável. Talvez o exemplo mais evidente se dê quando topa filmar com um diretor com quem se havia dado mal no passado. Fala coisas como “naquele tempo eu era uma criança”. Ok, o tal diretor também lhe endereça palavras cálidas. Logo no primeiro ensaio, porém, o tipo se mostra um sádico dos mais abjetos.
Por abjeto que seja, admita-se que é o único elemento a de fato tirar “O Vazio do Domingo” da modorra dominical e dar uma sacudida no filme. Mesmo o apelo às funções do celular e de suas imagens hoje em dia está batido, ainda que se conceda o fato de o filme estar ambientado em 2019, não muda nada.
O VAZIO DE DOMINGO À TARDE
Avaliação Regular
Onde Nos cinemas
Classificação 14 anos
Elenco Gisele Frade, Erom Cordeiro e Ana Eliza Bussolo
Produção Brasil, 2024
Direção Gustavo Galvão
INÁCIO ARAUJO / Folhapress