OAB e órgãos de direitos humanos vão a Guarujá apurar denúncias de torturas pela PM

PRAIA GRANDE, SP (FOLHAPRESS) – Uma comissão formada por órgãos de controle policial e proteção a direitos humanos foi até Guarujá, no litoral paulista, para investigar denúncias de tortura, mortes de inocentes e ameaças a moradores de favelas na cidade.

O grupo, formado por representantes da Ouvidoria das Polícias, da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e do Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana) chega ao litoral na tarde desta segunda-feira (31). Eles devem ouvir familiares de pessoas que morreram em operações policiais e que afirmam que as vítimas não tinham relação com organizações criminosas.

Essa é a primeira visita do tipo após relatos de abuso policial na megaoperação que ocorre desde sexta-feira (28) na Baixada Santista. Outra visita está marcada para a próxima quarta-feira (2), que contará também com representantes da Defensoria Pública e de deputados estaduais.

A ação é uma resposta à morte de um soldado da Rota (a força de elite da PM paulista) no Guarujá na última quinta (27), em um crime que gerou comoção entre os agentes. Além do efetivo local, a operação deve contar com agentes de todos os 15 batalhões de operação especiais do estado, que juntos têm cerca de 3.000 PMs, além de pelotões do Choque.

A Ouvidoria das Polícias diz que policiais mataram ao menos dez pessoas desde sexta-feira. Essas mortes estão registradas em oito boletins de ocorrência. Moradores relatam, ainda, que outras mortes teriam ocorrido entre a tarde e a noite de domingo.

O governo estadual confirmou apenas oito mortes. O secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, contestou os dados da ouvidoria em uma entrevista coletiva na manhã desta segunda.

Ele e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), defenderam o trabalho da Polícia Militar e disseram que mortes só ocorreram após agressão contra os policiais.

Para a vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, Priscila Beltrame, chamou atenção para o fato de que o número de mortes por policiais no último fim de semana está muito acima das estatísticas criminais de Guarujá.

“A gente entende a ação contra os suspeitos de terem matado o policial, que devem ser encontrados e presos, mas somos contra a vitimização de pessoas que não tinham envolvimento com o crime, que é o relato dos familiares”, disse Beltrame.

Ela relata, ainda, que há denúncias de abordagens policiais abusivas contra adolescentes e crianças das comunidades, com xingamentos e ameaças. A reportagem ouviu relatos similares de moradores.

A OAB não informou quantas pessoas serão ouvidas nesta segunda-feira.

O Ministério Público de São Paulo também anunciou nesta segunda que vai investigar a operação das forças de segurança do estado em Guarujá.

Segundo o órgão, responsável pelo controle externo da atividade policial, será instaurado um procedimento para analisar a legalidade das ações da Operação Escudo.

TULIO KRUSE / Folhapress

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