RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) no Rio de Janeiro vai investigar a morte de um preso diabético na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na zona norte da cidade.
O entregador Gerson Rodrigo Costa da Silva, 41, morreu no dia 28 de junho, uma semana depois de ter sido preso. Suspeita-se que ela tenha ficado sem insulina.
A advogada Gleice Schott Souza disse que ele tinha diabetes tipo 1 e precisava tomar insulina duas vezes por dia para controlar a doença, o que, segundo ela, não aconteceu na semana em que foi mantido na cadeia.
A SEAP (Secretaria de Administração Penitenciária) nega que tenha havido falta de atendimento médico. A pasta afirmou que abriu uma sindicância para apurar o caso.
O entregador foi preso em flagrante no dia 20 de junho, após agredir a mãe, de 79 anos. Depois da agressão, Helemita Costa da Silva fez uma declaração de próprio punho afirmando que o filho estava em surto quando houve a agressão. O documento foi adicionado ao processo.
Na declaração, a mãe conta que Gerson passou a ter surtos depois de ter sido agredido. O mesmo acontecia, ainda segundo a mãe, quando ele misturava remédios para a diabetes com bebidas alcoólicas.
“O motivo desse surto, além dessa mistura de álcool e insulina, foi ocasionado por um trauma ocorrido no bairro da Lapa, em que sofreu um assalto e chutaram por diversas vezes a cabeça dele”, escreveu Helemita, que descreveu o filho como uma pessoa amorosa e trabalhadora. “Declaro, ainda que acusado, sempre morou comigo, que pode responder esse processo em liberdade, que não coloca em risco a minha vida.”
Segundo a advogada, a Justiça foi comunicada já na audiência de custódia, no dia 22, de que Gerson precisava tomar a insulina. Na ocasião, Gleice pediu para que seu cliente respondesse ao processo em liberdade devido a sua condição médica. O pedido, porém, foi negado pelo juiz.
Naquele dia, a prisão de Gerson foi convertida em preventiva, e o magistrado determinou que ele fosse encaminhado para o médico ambulatorial na unidade prisional. Em nota, o Tribunal de Justiça disse que “era o que cabia ao magistrado fazer naquele momento”.
A advogada afirmou que Gerson recebeu permissão para levar sua própria insulina para a cadeia, mas não foi autorizado a levar gelo nem seringas para utilizar o medicamento. Dessa forma, ficou impossibilitado de usar o remédio.
Gerson ficou uma semana preso. Nesse período, segundo a SEAP, o entregador precisou passar por quatro atendimentos médicos. Três foram no Hospital Penal Hamilton Agostinho, nos dias 23, 25 e 26 de junho.
De acordo com a secretaria, ele chegou a ser levado para o Hospital Souza Aguiar, no centro do Rio, e depois voltou à unidade prisional. Ao passar mal novamente no dia 28, Gerson não resistiu e morreu ainda dentro da prisão.
CAMILA ZARUR / Folhapress