SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Após anos retida nos fundos de um armazém, uma pintura do acervo do Museu Provincial de Belas Artes Emilio Pettoruti, em La Plata, na Argentina, foi atribuída ao pintor renascentista Jacopo Comin, conhecido como Tintoretto. Durante anos, a peça foi considerada falsa e se manteve fora de exibição até o momento.
Com o retrato do soldado Melchior Michael, figura veneziana do século XVI, o óleo sobre tela foi submetido a uma série de estudos feitos pelo Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas (Conicet), em que foram aplicadas técnicas espectroscópicas, químicas, históricas e artísticas que puderam constatar a autoria de Tintoretto. O resultado foi divulgado em uma revista científica, a Journal of Molecular Structure.
O quadro chegou ao museu de La Plata em 1932, como parte de uma doação feita por Sara Wilkinson de Santamarina y Marsengo, uma aristocrata da antiga alta sociedade argentina, em conjunto com uma obra do artista Goya (1746-1828), também considerada falsa pelo antigo diretor do museu, Emilio Pettoruti. De acordo com Federico Ruvituso, atual diretor do museu, ela é a próxima da fila a ter sua veracidade investigada.
Em sua trajetória, o quadro de Tintoretto também esteve na Grande Exposição de Arte Veneziana, realizada em 1894 em Londres, na Inglaterra. Antes de chegar às mãos de Marsengo, ainda integrou uma coleção levada à leilão em Bruxelas, em 1904. Assim, foi ganhando reconhecimento por renomados historiadores de arte.
Indo além, o artigo científico completo detalha a relação entre Melchior Michael, retratado na obra, e seu autor. Com grande prestígio militar, Michael era próximo do pintor renascentista e teria requisitado pelo menos dois retratos de sua figura.
O quadro tem sua exibição prevista para a segunda edição da feira de arte contemporânea La Plateada, que acontece do dia 1 a 3 de novembro, e será exibida junto de imagens e palestras detalhando o processo de sua identificação.
Redação / Folhapress