Ocasio-Cortez vem ao Brasil com delegação dos EUA para tentar revitalizar relações

WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) – Uma delegação de membros da ala mais à esquerda do Partido Democrata americano, entre os quais a deputada Alexandria Ocasio-Cortez e o deputado Joaquín Castro, visitará o Brasil neste mês. O objetivo é ajudar a traçar um plano para revitalizar a relação entre os Estados Unidos e a América Latina.

Também participam da viagem os deputados Nydia Velázquez, Greg Casar e Maxwell Frost, além da chefe de gabinete de Bernie Sanders, Misty Rebik. O senador é independente, mas próximo dessa ala democrata.

A viagem ocorre de 14 a 21 de agosto e prevê visitas a Brasília, Santiago (Chile) e Bogotá (Colômbia).

Patrocinada pelo Center for Economic and Policy Research (Centro de Pesquisa Econômica e Política, ou CEPR, na sigla em inglês), as visitas colocarão os congressistas em contato com autoridades do governo, políticos e organizações da sociedade civil locais que atuam em três temas: democracia, ambiente e paz.

Não foram informadas as datas em que o grupo estará em cada cidade nem as pessoas com quem se encontrarão. A justificativa apresentada é preocupação com a segurança. “Já passou da hora de uma reorganização da relação dos Estados Unidos com a América Latina. Os EUA precisam reconhecer publicamente os danos que causamos por meio de políticas intervencionistas e exploratórias e traçar um novo rumo baseado em confiança e respeito mútuo”, afirmou Ocasio-Cortez, conhecida como AOC.

Recentemente, a deputada, um dos nomes de maior projeção da ala mais à esquerda do partido, apresentou pedido para que o Departamento de Estado dos EUA, órgão responsável por comandar a diplomacia americana, libere documentos da inteligência do país sobre a ditadura militar brasileira.

“Como delegação, temos muito a aprender com nossos pares nesses países –incluindo como enfrentar a desinformação e as ameaças violentas às nossas democracias e como proteger nosso ambiente das pressões capitalistas”, afirma ela, mencionando também a experiência de países latino-americanos ao reabrir arquivos de períodos autoritários e oferecer justiça aos cidadãos afetados por esses regimes.

Sanders, outra liderança da esquerda americana, destaca que os EUA e a América Latina compartilham desafios, mas que muitas vezes Washington priorizou interesses corporativos ou a competição entre as grandes potências no envolvimento com a região. “Espero que essa delegação ajude a apresentar uma nova abordagem ao hemisfério, baseada no engajamento em prol das pessoas e do planeta.”

Ambos se encontraram com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em fevereiro, quando o petista viajou à capital americana para uma visita oficial ao presidente Joe Biden. Na ocasião, AOC afirmou que o brasileiro é “uma inspiração” e citou programas como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida.

Castro também já se envolveu com a política brasileira. Junto com outros dois democratas, propôs uma resolução condenando as manifestações golpistas do 8 de Janeiro e pedindo que autoridades cooperem para responsabilizar pessoas vinculadas a elas que estiverem nos EUA. Castro e AOC chegaram a pedir a deportação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) quando ele estava morando nos Estados Unidos.

Na declaração do grupo, inclusive, os deputados comparam a invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, com os ataques de bolsonaristas em Brasília. Caracterizadas como “insurreições gêmeas”, elas deixam claro “que o destino da democracia nos EUA está intimamente ligado àquele dos vizinhos ao sul”.

“Hoje, democracias pelo hemisfério compartilham não só o desafio de defender suas instituições da violência política, da desinformação e de outras formas de intervenção antidemocrática, como também o de restaurar a confiança de essas instituições atenderem as necessidades fundamentais dos cidadãos.”

Nesse sentido, os deputados querem conhecer as respostas locais a pressões autoritárias, as reformas constitucionais na área de educação e comissões no Congresso para proteger instituições. Em relação ao ambiente, a delegação afirma que os desafios na América do Sul estão escalando, citando que a Amazônia está próxima do ponto em que a floresta não consegue mais se regenerar.

Nesse front, o plano é conhecer iniciativas de povos indígenas na defesa de suas terras e do governo na elaboração de acordos sobre extração de recursos e de projetos para mitigação de problemas climáticos.

Por fim, o terceiro eixo, denominado paz, abrange iniciativas ligadas à preservação da memória de mortos e desaparecidos em contextos de violência política, como ditaduras, guerras civis e intervenções externas, a negociações multilaterais para desmobilização de grupos armados e ao combate à mineração ilegal.

FERNANDA PERRIN / Folhapress

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