Ocidente está em perigo porque governos abraçaram ‘coletivismo’, diz Milei

DAVOS, SUÍÇA (FOLHAPRESS) –

Recebido pela organização do Fórum Econômico Mundial em Davos como alguém que ao ser eleito “infundiu um novo espírito” em prol da liberdade econômica, o presidente da Argentina, Javier Milei, em sua primeira viagem internacional desde que assumiu a Casa Rosada, afirmou que “o Ocidente está em perigo por causa de ideias socialistas” abraçadas por líderes globais.

“O Ocidente está em perigo porque naqueles países que deveriam defender o liberalismo, a defesa da propriedade, a liberdade, estão abrindo as portas para o coletivismo”, disse.

Em um discurso de 22 minutos no qual afirmou que o Estado “não é solução, mas problema” e encerrado com um aplaudido “viva la libertad, carajo”, ele colocou a Argentina como parceiro de negócios disponível e a total desregulamentação da economia como panaceia.

Milei, empossado em dezembro após vencer as eleições impulsionado pelo seu discurso ultraliberal, fez um discurso mais conectado com a plateia e a comunidade internacional do que outros líderes da direita radical que subiram ao mesmo palco em outros anos, como o brasileiro Jair Bolsonaro, que falou por oito minutos, embora dispusesse de mais tempo, e o americano Donald Trump, que levou uma fanfarra para abrir sua apresentação.

Usando como contraexemplo o declínio econômico argentino, exaltou as benesses do livre mercado, da desregulação, da redução de imposto e da liberdade. Incluiu no discurso, entretanto, a “defesa da vida” (jargão antiaborto), que contradiz os primeiros libertários que defendeu.

“Dizem que o capitalismo é mau por ser individualista e que o socialismo é bom por ser coletivista”, afirmou, para risos da plateia. “A ideia de justiça social é injusta porque é violenta, e é injusta porque o Estado se financia com impostos.”

Mas Milei foi recebido com descrença ao afirmar que não vê diferenças fundamentais entre nazistas, comunistas, fascistas, socialistas, progressistas, globalistas, sociais-democratas e nacionalistas: são todos, a seu ver, coletivistas.

Em sua longa defesa para a redução do papel do Estado, tal qual promete promover na Argentina, citou o capitalismo como enriquecedor e o socialismo como “invariavelmente” produtor de miséria. Com números de crescimento econômico da Argentina e do mundo dentro de determinados períodos, conseguiu manter a atenção do público em suas teses.

Ele criticou também as teorias econômicas clássicas, por “abrir as portas ao socialismo” e “condenar a sociedade à pobreza” ao regular o mercado, vetar monopólios e tributar a riqueza.

Mas não teve o mesmo sucesso com o público ao fazer críticas a baluartes progressistas não exclusivos da esquerda. Criticou o feminismo, chamando-o de uma ideia ridícula para opor homens e mulheres; a agenda para conter a mudança climática, que, em sua visão, coloca o homem contra a natureza; e o direito ao aborto.

Ele também classificou o trabalho dos bancos centrais, cuja extinção defende, de “socialista”.

LUCIANA COELHO / Folhapress

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