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Ocidente não pode se dividir, diz Merz, em primeiro discurso no Parlamento

BERLIM, ALEMANHA (FOLHAPRESS) – Em seu primeiro discurso no Parlamento alemão, Friedrich Merz declarou que o ocidente não pode se dividir na busca de uma solução para o conflito na Ucrânia, que o Exército alemão se tornará o mais forte da Europa, que a Alemanha continuará sendo um país de imigração e que a população deverá perceber uma melhora na economia já nos próximos meses.

Há uma semana no cargo e após o fiasco inédito de ter que se submeter a uma segunda votação para ser confirmado primeiro-ministro, Merz elegeu as relações exteriores como prioridade em seus primeiros dias de governo. Visitou França e Polônia durante as comemorações dos 80 anos do fim da Segunda Guerra e ainda apareceu de surpresa em Kiev, no sábado, junto com outros líderes europeus, para anunciar um esforço concentrado por um cessar-fogo imediato na Ucrânia.

Nesta quarta-feira (14), em Berlim, não foi diferente. “É de suma importância que o ocidente político não se deixe dividir”, disse Merz, revelando que conversou duas vezes com Donald Trump nos últimos dias. “Sou grato por seu apoio à iniciativa de um cessar-fogo incondicional de 30 dias”, afirmou, reforçando a narrativa de que a ofensiva iniciada no fim de semana contra a Rússia se deve à Europa.

De Washington a Moscou, muita gente tomou para si o crédito da iniciativa, que ainda não logrou resultados concretos. Volodimir Zelenski desafia Vladimir Putin para um encontro pessoal em Istambul, nesta semana, enquanto o Kremlin confirma apenas a disposição de participar das negociações.

Ao Bundestag, Merz afirmou que a Alemanha não se tornaria “parte da guerra”, mas ao mesmo tempo repetiu que irá cumprir a promessa de fortalecer as Forças Armadas do país. “A Bundeswehr deve se tornar o exército convencional mais forte da Europa.” Justificou com uma frase de efeito: “Queremos poder nos defender para não termos que nos defender”.

Merz soltou várias durante o discurso de pouco mais de uma hora. Como a que escolheu para um dos assuntos mais espinhosos do debate público alemão, neste momento: “A Alemanha é um país de imigração. Foi, é e continuará sendo”. Ao mesmo tempo, o novo governo já endurece a fiscalização nas fronteiras do país e os processos de asilo.

O conservador tenta modular o discurso de combate à imigração irregular com a necessidade crescente de trabalhadores qualificados. Acabou sendo chamado de “primeiro-ministro de esquerda” por Alice Weidel, líder da extremista AfD, a maior bancada na oposição. Ao menos conteve, ainda que momentaneamente, o fogo amigo dos sociais-democratas do SPD, companheiros de coalizão, bem mais sensíveis à questão.

Merz assegurou também que a recuperação econômica do país já está em curso, prometendo que a população sentirá os primeiros resultados já no verão europeu, no meio do ano. “Queremos governar para renovar a promessa de prosperidade para todos”, declarou o primeiro-ministro, em referência a uma expressão criada por Ludwig Erhard, o ministro da Economia do pós-guerra alemão.

Figura histórica da CDU, partido de Merz, Erhard pôs em prática a economia social de mercado, que catapultou a Alemanha ao papel de maior potência da Europa, com a premissa de que a liberdade econômica só é alcançada com a liberdade individual.

Merz tem € 500 bilhões liberados do freio da dívida, a versão local do teto de gastos, para investir na decadente infraestrutura do país. Também tirou da limitação os gastos com defesa, pondo fim a décadas de austeridade. Declarou, no entanto, que o estímulo econômico, o maior desde a reunificação alemã, será usado “extremo cuidado e cautela”.

Ainda que possa funcionar como indutor de crescimento, segundo analistas, o pacote é visto com desconfiança pelos eleitores, que derrubaram a avaliação de Merz e o apoio a seu partido desde que ele conseguiu aprovar a liberação no Parlamento anterior.

Os novos fundos só serão usados, afirmou Merz, para melhorar o desempenho econômico da Alemanha, que, por enquanto, enfrenta seu terceiro ano consecutivo de contração. O primeiro-ministro declarou que, antes, seu governo precisa trabalhar com o Parlamento no fomento de novas tecnologias, na redução de impostos e em medidas de modernização e redução da burocracia do país.

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE / Folhapress

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