Oficinas Culturais estavam defasadas, afirma Marília Marton, com novo programa

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governo de São Paulo lançou, nesta quarta-feira (9), o CultSP Pro – Escolas de Profissionais da Cultura, iniciativa que substitui as antigas Oficinas Culturais, encerradas pela Secretaria da Cultura neste ano.

Sediado há 38 anos no prédio Oficina Cultural Oswald de Andrade, no bairro paulistano do Bom Retiro, o programa de capacitação era um dos mais tradicionais da capital paulista. O encerramento foi anunciado em março e provocou uma crise com agentes culturais do estado. À época, eles chegaram a realizar um protesto contra as mudanças.

O governo diz, porém, não se tratar de um encerramento, e sim de uma reformulação. As Oficinas Culturais ofereciam cursos que abarcavam as diferentes linguagens artísticas, entre teatro, literatura e artes plásticas.

O novo CultSP Pro terá 65 cursos divididos em seis escolas temáticas, como a escola de artes, a de audiovisual, games e tecnologias e a de conteúdo, design e artes visuais. Os interessados em ocupar uma das 4.070 vagas podem se inscrever no site do programa. Os cursos começam no dia 22 de outubro e terão uma carga horária que varia de 20 a 100 horas.

Segundo o governo paulista, serão investidos no projeto mais de R$ 153 milhões até 2029. “O grande segredo desse programa é o percurso formativo”, diz Marilia Marton, secretária de Cultura do estado. “As pessoas vão ter essa liberdade para construir a formação a partir das suas demandas.”

Ela diz que as mudanças foram necessárias porque as Oficinas Culturais estavam defasadas e já não respondiam às necessidades do setor. “Se não estava respondendo, precisávamos fazer uma grande transformação”, diz Marton, acrescentando ter ouvido a categoria para construir o novo programa.

“Confesso que a gente demorou para pôr ele em prática porque realmente foi construído ouvindo e pesquisando bastante.” Inicialmente, o novo programa começaria em agosto deste ano. “A gente abriu uma consulta muito forte com os secretários municipais, gestores e com o próprio setor da cultura.”

Quando as mudanças foram anunciadas, agentes culturais disseram que não houve diálogo e que foram pegos de surpresa pelo encerramento das oficinas.

“Ignoraram o diálogo com os movimentos sociais, a exemplo da Lei Paulo Gustavo em São Paulo”, afirmou à época Zé Renato, artista, produtor cultural e integrante da Frente Única dos Trabalhadores da Cultura.

No ano passado, a implementação da Lei Paulo Gustavo gerou outro imbróglio entre o governo e o setor cultural. Isso porque a secretaria publicou editais que desagradaram parte da categoria. Para artistas e produtores, os documentos estimulavam a centralização de recursos em grandes produtoras.

O governo estadual, por outro lado, afirmou que os editais foram pensados para garantir que o dinheiro vá para profissionais que de fato consigam produzir longas-metragens. Dessa maneira, disse a pasta, seria possível evitar que a pessoa receba o dinheiro, mas não finalize o projeto.

MATHEUS ROCHA / Folhapress

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