RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Um ônibus foi roubado por criminosos e utilizado como barricada para impedir a entrada de policiais militares na Cidade Alta, zona norte do Rio de Janeiro, durante operação na manhã desta terça-feira (13).
A Cidade Alta faz parte do Complexo de Israel, batizada assim por estar sob domínio de Álvaro Malaquias, o Peixão, traficante conhecido por determinar na região a pintura de passagens bíblicas nos muros e a instalação de estrelas de Davi e bandeiras de Israel.
Peixão, segundo investigações da polícia, é o responsável por ameaçar frequentadores da umbanda e candomblé e determinar o fechamento de terreiros e casas de santo.
Além da Cidade Alta, o Complexo de Israel incorpora as favelas Cinco Bocas, Pica-Pau, Parada de Lucas e Vigário Geral. Também há influência de Peixão nos bairros vizinhos, como Brás de Pina e Cordovil. Parte da região é cortada pela avenida Brasil, a principal via expressa do Rio.
Nesta terça, policiais militares realizaram operação na região. Um ônibus da linha 335 (Cordovil x Tiradentes), que vai da zona norte ao centro da cidade, foi sequestrado e utilizado como barricada na Cidade Alta. Passageiros e motorista foram obrigados a descer.
No fim da manhã, o ônibus foi retirado do local. Até o início da tarde a PM não havia registrado prisões e apreensões.
Oito escolas públicas municipais da região suspenderam as aulas por causa da operação. Postos de saúde ficaram abertos, mas as atividades externas, como visitas domiciliares de agentes comunitários, foram suspensas.
Segundo o Rio Ônibus, sindicato que representa as viações rodoviárias do Rio, ônibus da linha 335 estão realizando desvio no itinerário.
O Rio Ônibus afirmou que nos últimos 12 meses 138 ônibus foram sequestrados e usados como barricada. “A recorrência dos casos reiteram a necessidade de ações efetivas por parte das autoridades de segurança pública do Rio de Janeiro. É preciso, com urgência, garantir o direito de ir e vir do cidadão”, afirmou em nota o sindicato.
A PM também realizou nesta terça uma operação na Maré, em conjunto com a Seop (Secretaria de Ordem Pública), Polícia Civil e Promotoria do Rio. A ação demoliu um condomínio com 40 construções irregulares na comunidade Parque União, uma das 16 favelas que formam a Maré.
De acordo com investigações da Polícia Civil, as construções foram erguidas a partir da lavagem de dinheiro do tráfico de drogas local.
YURI EIRAS / Folhapress